sábado, 18 de janeiro, 2025
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Há uma semana, a equipe da campanha da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, comemorava na manhã de sábado o resultado da pesquisa Datafolha, que registrava a meteórica arrancada da ex-senadora, nova favorita para alcançar o cargo mais poderoso da República. Horas depois, os mesmos assessores se desdobravam para tentar estancar uma crise que se espalhava pelas redes sociais à mesma velocidade com que a candidata ascendeu nas pesquisas. O motivo: o capítulo do programa de governo do PSB que defendia o casamento gay havia sido alterado. E Marina passou a ser bombardeada dos dois lados: foi alvo da fúria de pastores evangélicos e de movimentos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais).
Que temas como o casamento gay e a legalização do aborto sempre aparecem incendiando debates em eleições não é nenhuma novidade para os eleitores brasileiros – e os assuntos talvez não sejam tão discutidos no país quanto no período de campanha. Por trás da discussão está o peso da religião na hora do voto. E a entrada da evangélica Marina Silva, da Assembleia de Deus, na corrida eleitoral após a trágica morte do cabeça da chapa, Eduardo Campos, imediatamente levou temas como aborto e casamento gay para o centro da campanha. Não é possível dimensionar ainda o tamanho real do estrago, mas, dois dias depois do recuo de Marina com sua cartilha de governo, o instituto Datafolha estava na rua pesquisando as intenções de voto. O resultado: Marina caiu de 41% para 39% das intenções de voto entre os evangélicos.
Apesar do desgaste pela mudança de posição, coordenadores e aliados de Marina avaliam que a decisão fez mais bem do que mal à trajetória eleitoral dela: os evangélicos representam 22% dos votos brasileiros. E essa faixa do eleitorado tende a um alinhamento natural à candidatura de Marina. Prova disso foi que sua entrada na corrida presidencial desidratou justamente o candidato oficial das igrejas, que leva o "pastor" no nome: Pastor Everaldo, do Partido Social Cristão, o PSC. “Pastor Everaldo chegou com grande potencial de polarizar nossos votos, mas a propositura da Marina foi mais ampla, juntou a bandeira da família com o contexto social e político do momento”, diz o bispo Robson Rodovalho, fundador da igreja Sara Nossa Terra, no Distrito Federal, onde a candidata do PSB lidera as pesquisas de intenções de votos com 33%, ante 23% de Dilma Rousseff, segundo o Datafolha.
A influência nas eleições de bandeiras defendidas pelos evangélicos é reflexo da própria expansão da religião no país. Segundo o último Censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2010, os seguidores representam 22,2% da população, percentual que aumentou 61% em relação à década anterior – em 2000, eram 9%.
Os evangélicos também têm forte presença no Congresso Nacional, em comparação aos católicos, religião da maioria dos brasileiros. Nos meios de comunicação, a busca dos pastores começou nos anos 1980 como uma forma de conquistar concessões de rádio e televisão. Atualmente, o Congresso possui 73 deputados e senadores evangélicos – a meta para este ano é que o número chegue a cem cadeiras. Desde 1986, a cada pleito, o número de parlamentares cresce 20%. Neste ano, a bancada evangélica emplacou o primeiro representante no Executivo: o bispo Marcelo Crivella (PRB), sobrinho de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) – ele deixou o cargo de ministro da Pesca para concorrer ao governo do Rio de Janeiro.
Apesar da crescente representatividade política, é difícil esperar que os 22,2% da população brasileira que se declara evangélica irá votar em bloco em um determinado candidato. “Eles não são um grupo homogêneo, é uma diversidade grande”, diz Magali do Nascimento Cunha, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista.
Mesmo com interesses difusos, os bispos e pastores representam o segmento da sociedade atual mais comprometido com o debate político. “Não há outro grupo tão articulado e com objetivos tão nítidos do que os evangélicos”, diz Magali.
Rio de Janeiro – Em poucos Estados brasileiros a disputa do voto evangélico é tão representativa quanto no Rio de Janeiro, que tem dois dos quatro principais candidatos ligados a igrejas: Marcelo Crivella e Anthony Garotinho (PR). Na última pesquisa do Ibope, Garotinho liderava a disputa com 27% das intenções de voto, enquanto Crivella marcava 17% das preferências. De acordo com a pesquisa, feita entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro, 29% do eleitorado fluminense é evangélico, 48% se declaram católicos e 23% dizem ter outra religião.
Os evangélicos estão divididos entre Crivella e Garotinho, que se apresenta como "Irmão Garotinho" em programas de rádio e já foi multado por distribuir brindes religiosos. Entre os evangélicos, 30% apoiam Garotinho e 28% apoiam Crivella.
Para tentar ganhar votos de eleitores católicos ou que declaram ter outras religiões, o marqueteiro Lula Vieira tenta fazer adaptações na imagem de Crivella. Em eleições passadas, ele começou bem, impulsionado pelos evangélicos, mas não chegou ao segundo turno. Pela primeira vez desde que concorreu e foi eleito em 2002, o bispo licenciado foi recomendado pelo marqueteiro a evitar o uso da palavra "universal" e a trajetória religiosa simplesmente deixou de ser mencionada na biografia do seu site.
"O limite do Crivella é exatamente o fato dele ser evangélico. Existe discriminação à maneira como ele construiu sua carreira de político", explica a socióloga Maria das Dores Campos Machado, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora de Política e religião: a participação dos evangélicos nas eleições.
Garotinho misturou o apelo religioso com práticas populistas no governo (1998-2001) e hoje possui a maior rejeição entre os candidatos (34%). É considerado o adversário preferido no segundo turno entre os candidatos, por esse índice negativo. "Crivella e Garotinho aproveitam o eleitorado evangélico, mas o problema é falar com o resto. A capital vai ser dura com eles", avalia o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio.
Se para Garotinho e Crivella o desafio é conquistar eleitores fora dos templos evangélicos, Lindberg (PT) e Pezão (PMDB) ainda tentam conquistar espaço nesses redutos. Desde o ano passado, o candidato petista, ex-comunista e católico não-praticante, percorre cultos e abraça fiéis. Pezão também tenta não ficar em desvantagem. Bateu o recorde de aparições na maior rádio gospel do Estado e por isso chegou a ser multado pelo Tribunal Regional Eleitoral por campanha antecipada.
Policia
Um homem de 30 anos foi esfaqueado nas costas pela companheira, de 33 anos, na noite desta quinta-feira (17), por volta das 23h12, em frente à uma residência localizada na Rua Cinco de...
17 de janeiro de 2025
Um homem de 30 anos foi esfaqueado nas costas pela companheira, de 33 anos, na noite desta quinta-feira (17), por volta das 23h12, em frente à uma residência localizada na Rua Cinco de Maio, no bairro Santa Maria, em Coxim.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e realizou o resgate da vítima, que apresentava uma única perfuração nas costas. Ele foi encaminhado ao Hospital Regional Álvaro Fontoura Silva, em Coxim, onde recebeu atendimento médico. Segundo informações preliminares, a vítima não soube informar o motivo da discussão que culminou no ataque.
Após o crime, a mulher fugiu do local e, até o momento, não foi localizada. A Polícia Militar esteve na cena, realizou buscas na região, mas não conseguiu encontrar a suspeita.
Economia
Reforma do tributo só deverá ser enviada ao Congresso após a votação do Orçamento deste ano
10 de janeiro de 2025
Sem a aprovação da reforma do IR (Imposto de Renda), que só deverá ser enviada ao Congresso após a votação do Orçamento de 2025, a tabela progressiva fica congelada neste ano. Quem ganha mais de R$ 2.824, pouco menos de dois salários mínimos, pagará o tributo. No fim de novembro, o governo tinha anunciado a intenção de elevar a faixa de isenção para R$ 5 mil, na segunda fase da reforma tributária, que trata do IR. Em troca, o governo pretendia introduzir uma alíquota em torno de 10% sobre os rendimentos mensais acima de R$ 50 mil, que compensaria o impacto fiscal do aumento do limite de isenção.
Originalmente anunciada para tramitar junto do pacote de corte de gastos aprovado no fim de dezembro, a proposta ficou para este ano. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “inconsistências” nos modelos estatísticos da Receita levaram o Fisco a rever os cálculos. Caso o Congresso aprove o Orçamento em fevereiro, a proposta pode ser enviada no mesmo mês ou no início de março.
Veja como ficam as alíquotas
Até R$ 2.259,20 - 0%
De R$ 2.259,21 até R$ 2.826,65 - 7,5%
De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 - 15%
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 - 22,5%
Acima de R$ 4.664,68 - 27,5%
Correspondente ao piso da tabela progressiva, a faixa de isenção foi elevada pela última vez em fevereiro de 2024, de R$ 2.640 para R$ 2.824. As demais faixas de tributação permanecem sem mudanças desde 2015. O projeto de lei do Orçamento de 2025, enviado ao Congresso em agosto, não prevê mudanças na tabela do Imposto de Renda.
Oficialmente, o limite máximo da alíquota zero está fixado em R$ 2.259,20. No entanto, para garantir a isenção para quem recebe até R$ 2.824, equivalente a dois salários mínimos, haverá um desconto simplificado de R$ 564,80 da renda sobre a qual deveria incidir o imposto. Esse desconto corresponde à diferença entre os dois valores: limite de isenção e dois salários mínimos.
A Receita Federal esclarece que esse desconto simplificado é opcional. Nada mudará para quem tem direito a deduções maiores pela legislação atual, como dependentes, pensão alimentícia, gastos com educação e saúde.
Propostas
A gestão federal trabalha com duas propostas: isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000 e um imposto de 10% para aqueles que recebem mais de R$ 50 mil por mês. A ideia inicial é apresentar os temas em conjunto, de maneira que um compense o outro na questão arrecadatória. Há, inclusive, um acordo entre os Poderes Legislativo e Executivo para os projetos serem apreciados na condição de neutralidade, ou seja, sem perda ou ganho de arrecadação.
No final do ano passado, o governo apresentou a medida de isenção do IR dentro do pacote fiscal, cujo impacto é de R$ 327 bilhões em cinco anos. A proposta não foi bem recebida pelo mercado, e o dólar ficou acima dos R$ 6 em dias consecutivos. Parte das medidas foi aprovada pelos parlamentares nos últimos dias de 2024, e a previsão é de continuidade neste primeiro semestre.
Neste momento, a Receita Federal trabalha com o novo modelo idealizado pelo governo, mas percebeu inconsistências. De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a inconsistência se dá em um dispositivo que faz a calibragem do IR de pessoa jurídica. O tema foi alvo de uma reunião ainda na segunda-feira (6).
“Eu vou saber hoje, a bem da verdade. Porque a Receita não rodou o novo modelo ainda. Estávamos terminando o ano com muitas coisas, mas isso deve ficar pronto nos próximos dias”, disse Haddad. A Receita vai solucionar os ajustes nos cálculos e terminar o novo modelo em breve. A questão chave é corrigir as distorções ao mesmo tempo em que é mantida a arrecadação da soma do Imposto de Renda para Pessoa Jurídica e do Imposto de Renda da Pessoa Física.
No final do ano passado, o ministro havia comentado sobre a inconsistência no modelo estatístico do IR para pessoa jurídica. “Está sendo cuidado tanto da questão da neutralidade quanto da justiça tributária. Uma coisa pode ser neutra e injusta. Então, está rodando o modelo para identificar como calibrar em busca da justiça tributária, e não só da neutralidade tributária”, afirmou o ministro em 20 de dezembro de 2024 durante café da manhã com jornalistas, em Brasília.
Impacto nas contas
Para especialistas ouvidos pelo R7, no entanto, apesar de a medida favorecer a população, pode trazer impactos negativos para o equilíbrio das contas do governo. Menos de 1% da população do país recebe acima de R$ 50 mil, e hoje essa parcela da população paga uma alíquota de imposto de renda de 27,5%.
“O impacto fiscal estimado em R$ 45 bilhões por ano exige soluções robustas para compensação de receitas. O ministro fala em tributar quem ganha mais de R$ 50 mil, mas é fundamental fechar brechas como a pejotização e a falta de tributação sobre lucros e dividendos, que hoje permitem que muitas rendas altas escapem do alcance do imposto”, afirma o presidente da Unafisco, Mauro Silva.
O economista Hugo Garbe comenta que ampliar a faixa de isenção tem desvantagens e vantagens. Entre os fatores positivos, ele cita a justiça fiscal e o aumento da renda da população. Por outro lado, o especialista comenta que a medida também traz impacto fiscal negativo e risco inflacionário, além de possuir uma sustentabilidade limitada.
“Sem compensações, a medida compromete a sustentabilidade das contas públicas, podendo gerar desconfiança no mercado”, explica. Segundo ele, taxar mais quem recebe R$ 50 mil não resolve o problema. “É uma medida populista em termos econômicos para dizer: estou cobrando mais dos ricos e tirando imposto dos mais pobres”, destaca.