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Entrevistas

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O Chamado da Educação: A Trajetória Inspiradora de Maria Leuda

Avó apaixonada, amante da natureza e de estar com as mãos na terra, plantando e colhendo.

20 de setembro de 2024

(Glenda Melo/Diário do Estado)

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NOSSA ENTREVISTADA DA SEMANA é uma defensora ferrenha da educação pública, amante da simplicidade, professora querida por seus alunos, mesmo estando fora da sala de aula. Avó apaixonada, amante da natureza e de estar com as mãos na terra, plantando e colhendo. Esposa dedicada, que, junto do seu Severino, construiu família e raízes coxinenses. Durante o triste período da pandemia, conheceu seu lado escritora e se viu diante de mais um desafio em sua vida: aprender e tirar proveito do isolamento. Daí então nasce a obra "Crônicas de uma professora em tempos de pandemia". Nossa conversa desta semana será com a professora e escritora Maria Leuda, 60 anos, casada, mãe de Letícia e Natália, avó de Maitê, Alice e Maria. Vamos conhecer um pouco dessa mulher que não foge de suas lutas.

 

Jornal Diário do Estado: Leuda, vamos começar falando sobre sua história na educação. Como foi a escolha dessa profissão?
Maria Leuda:
Glenda, desde que me entendi por gente, quis ser professora. Era meu sonho desde criança. Ao crescer, isso não mudou, mas meu pai era radicalmente contra. Ele dizia que era uma profissão sem futuro, que as mulheres que escolhiam essa profissão não eram de boa índole. Um pensamento extremamente machista, mas que era comum em muitas famílias naquela época.

Jornal Diário do Estado: E como foi que você dobrou seu pai e seguiu seu sonho na educação?
Maria Leuda:
Não dobrei. Fiz o magistério contra a vontade dele. Me formei em 1983, mas ele não foi à minha formatura. Para ele, era uma afronta o que eu havia feito, em prosseguir em um curso que ele não aprovava. Mas fiz, me realizei na minha escolha e nunca me arrependi.

Jornal Diário do Estado: Após formada, o que aconteceu depois?
Maria Leuda:
Fiz o concurso e passei em primeiro lugar na época. Foi quando minha caminhada na educação começou de fato.

Jornal Diário do Estado: Qual foi a primeira escola onde você lecionou em Coxim?
Maria Leuda:
Foi a escola Clarice Rondon dos Santos. Lá permaneci por 3 anos. Foi meu encontro de fato com as rotinas de uma escola, os prazeres e dificuldades que a educação apresentava.

Jornal Diário do Estado: A educação te moldou em que sentido na vida?
Maria Leuda:
Venho de uma longa linhagem de mulheres aguerridas, que não têm medo de nada. As mulheres da minha família sempre foram o arrimo, a base, a força. Na educação, acredito que também exista isso. Só segue na educação quem tem o chamado, e se você não tiver muita paixão pela educação e por ensinar, você não continua.

Jornal Diário do Estado: Formada e já exercendo o magistério, você então conheceu seu marido, Severino, e começou a construir sua família. Como foi conciliar escolas e vida familiar?
Maria Leuda:
Eu trabalhava 3 períodos, Glenda. Não era fácil, era muito difícil mesmo. Severino e eu namoramos por 5 anos antes de casarmos, e eu sabia que ele seria um grande parceiro de vida. Não poderia ter escolhido melhor. Como eu havia escolhido muito bem meu parceiro de jornada, ele e eu dividíamos os afazeres em casa e com as crianças.

Jornal Diário do Estado: Você é mãe de duas mulheres, ambas casadas e da área da saúde. Você acha que, pelo fato de suas filhas terem acompanhado muito de perto sua luta, isso as ajudou nas escolhas de suas vidas?
Maria Leuda:
Olha, eu tenho certeza disso. Letícia é médica, Natália é dentista. As duas foram alunas de escolas públicas e, através de mim, descobriram o valor da escola pública e que, ao contrário do que falam, a educação pública está em total nível de qualidade de ensino que as escolas privadas. Minhas filhas são crias do ensino público, estão felizes com suas escolhas, não por intermédio do pai ou meu. Hoje elas são profissionais competentes graças aos seus esforços e à qualidade do ensino público.

Jornal Diário do Estado: Falando do ensino público, o que você, como educadora, vê de mudança desde o ano em que você se formou até hoje, mais de 30 anos depois?
Maria Leuda:
Inúmeras coisas. Apesar da catástrofe que assolou o Brasil nos anos de 2018 até 2022, quando vimos a educação sendo tratada com tanto desdém pelo presidente Bolsonaro, com a educação sendo sucateada, um retrocesso total, hoje vemos uma reconstrução sendo feita. As políticas públicas criadas para o fortalecimento da educação prometem colocar a educação no patamar de respeito que ela merece.

Jornal Diário do Estado: Após se aposentar, Leuda, como foi a realidade de não estar mais nas salas de aula?
Maria Leuda:
Eu sempre amei lecionar, estar junto dos meus alunos, ensinar e também aprender com eles. Mas eu sentia a necessidade de descansar, e a sensação de dever cumprido eu já estava sentindo. Portanto, estava pronta para descansar.

Jornal Diário do Estado: E como foi a nova rotina?
Maria Leuda:
A Leuda que passou a cuidar mais de casa, cozinhar, e ir para a fazenda de mudança nasceu. Já era da vontade do marido a ida definitiva para a fazenda. Quando a aposentadoria chegou, nos mudamos para lá e foi lá que descobri o verdadeiro significado da palavra "paz".

Jornal Diário do Estado: O que você passou a fazer na fazenda que não fazia na cidade?
Maria Leuda:
Acordar um pouco mais tarde, plantar frutas, verduras e legumes. Fizemos nosso pomar, nossa hortinha, começamos a criar alguns animais, tudo para nosso consumo mesmo. Foi então que eu descobri esse prazer pela vida no campo. Eu ajudava meu marido com as cercas e outros serviços, porque na roça também tem muito trabalho, viu? Tudo precisa de cuidado, plantas e animais, mas a terra é gentil e nos devolve todos os cuidados. É cansativo, mas prazeroso.

Jornal Diário do Estado: E foi na fazenda que nasceu a ideia de escrever seu livro?
Maria Leuda:
Sim, estávamos na pandemia, no auge da pandemia. Visitas foram proibidas, reuniões entre amigos e familiares, todos nós tivemos que nos isolar de fato. Como estávamos na fazenda, de certa forma já estávamos isolados. Éramos só eu, Severino, o rio, a mata e os animais. Então eu passei a prestar mais atenção nos bichos, na minha rotina, e comecei a pensar que tudo aquilo poderia se tornar um registro. A partir desses registros, eu poderia fazer algumas crônicas de maneira lúdica, usando tudo que eu tinha ali como fonte de inspiração.

Jornal Diário do Estado: Quanto tempo levou para escrever?
Maria Leuda:
Escrevi por 2 anos, e conforme as coisas iam aparecendo, eu começava a publicar no meu Facebook. As pessoas começaram a gostar das histórias e comentar para que eu transformasse tudo em um livro. Foi assim que o livro nasceu.

Jornal Diário do Estado: O livro se chama Crônicas de uma Professora em Tempos de Pandemia. Por que esse título?
Maria Leuda:
Exatamente porque era o momento que estávamos vivendo, a pandemia que nos afastou dos nossos, que nos deixou isolados. Achei que esse tema seria o mais pertinente.

Jornal Diário do Estado: Quantas crônicas você escreveu nesses 2 anos?
Maria Leuda:
60.

Jornal Diário do Estado: Você se surpreendeu com a resposta dos leitores sobre seu livro?
Maria Leuda:
Sim, bastante. Foi tudo muito positivo. Recebi muitas mensagens de parabéns, pessoas dizendo que tal texto remetia à sua vida, à sua experiência, que alguns textos haviam tocado profundamente as pessoas. Foi bastante emocionante receber os relatos de quem havia lido o livro.

Jornal Diário do Estado: Suas inspirações para escrever, quais eram?
Maria Leuda:
Tudo. Natureza, rio, animais, rotina cuidando da fazenda... tudo, de alguma forma, virou história. Talvez por isso as pessoas que leram se identificaram tanto, porque foi tudo muito casual, muito simples, com assuntos do nosso dia a dia.

Jornal Diário do Estado: Você pensa em escrever outro livro?
Maria Leuda:
Sim, mas não para agora. Hoje estou me desdobrando na missão de avó e vivo na estrada. Estou me dedicando 100% ao meu mais novo e principal papel, o de ser avó.

Jornal Diário do Estado: Com toda sua história na educação, existe algo que você veja hoje e que te incomode bastante?
Maria Leuda:
Ah sim, Glenda. Vejo alguns colegas de profissão que estão em escolas públicas trabalhando, sabem da qualidade do nosso ensino, e colocam seus filhos para estudarem na rede privada. Isso pode até ser uma coisa boba, mas acho um desmerecimento do nosso ensino público. Eu, além de tudo, fiz parte do sindicato dos professores em Coxim. Então, para mim, um profissional da educação que está em sala de aula, sabe o quanto as escolas públicas são de qualidade, e mesmo assim coloca seus filhos em escolas particulares, isso não faz sentido.

Jornal Diário do Estado: E hoje, quais seus projetos?
Maria Leuda:
O mais importante de todos os tempos, me mudar de Coxim para poder ficar mais perto das minhas filhas e minhas netas e acabar com essa canseira que é viver na estrada, já estamos nos organizando para isso.

Jornal Diário do Estado: Ser avó hoje é seu maior projeto?
Maria Leuda:
Sim, quero dedicar meu resto de vida para minhas netas.

Jornal Diário do Estado: Leuda, agora é hora do nosso bate-bola, ok?
Maria Leuda:
Vamos lá.

Jornal Diário do Estado: Uma cor?
Maria Leuda:
Azul.

Jornal Diário do Estado: Uma comida?
Maria Leuda:
Churrasco.

Jornal Diário do Estado: Um cheiro?
Maria Leuda:
Das minhas netas.

Jornal Diário do Estado: Uma tristeza?
Maria Leuda:
A distância.

Jornal Diário do Estado: Uma alegria?
Maria Leuda:
Ser avó.

Jornal Diário do Estado: Uma decepção?
Maria Leuda:
Alguma coisa que eu não consiga fazer.

Jornal Diário do Estado: Um dia perfeito é?
Maria Leuda:
Junto das minhas filhas e das minhas netas.

Jornal Diário do Estado: Um lugar?
Maria Leuda:
Petrolina.

Jornal Diário do Estado: O que você acha desprezível?
Maria Leuda:
Falsidade.

Jornal Diário do Estado: Uma palavra?
Maria Leuda:
Fé.

Maria Leuda: Um amor?
Maria Leuda:
Meu marido Severino.

Jornal Diário do Estado: Leuda, gostaríamos que você nos deixasse suas considerações finais.
Maria Leuda:
Gostaria de agradecer a grande oportunidade de poder falar um pouco da minha história e da minha vida na educação, nessa caminhada tão gratificante que Deus me proporcionou até aqui. Obrigada a toda família do Diário do Estado pelo lindo convite, foi um grande prazer. Muito obrigada e que Deus nos abençoe sempre.

Entrevistas

Diálogo e Transformação: O Papel da Secretaria de Educação em Coxim

Através da educação especial e inclusiva viu nascer dentro de si uma luta sobre a igualdade de direitos, autora do livro: CADA CASO É UM CASO Caminhos para a inclusão no ensino comum.

Diálogo e Transformação: O Papel da Secretaria de Educação em Coxim

18 de outubro de 2024

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Nossa entrevistada da semana é a secretária Municipal de Educação de Coxim Michelle Muller Proença, 38 anos, casada com o também professor e pastor Douglas Proença, mãe do Luiz Felipe e Laura Helena, seus maiores tesouros. Conheça um pouco da história de amor e dedicação de uma mulher pela Educação e Educação Inclusiva.

MICHELLE ALVES MÜLLER PROENÇA é Mestre em Educação pela (UFMS/PPGEdu). Especialista em Educação Especial e Inclusiva, Especialista em Neuropsicopedagoga Clínica. Cursando Pós graduação em Gestão Pública. Graduada no curso de Letras pela (UFMS/CPCX), do qual atuou como pesquisadora pelo Programa PIBIC/CNPQ. Graduada em Pedagogia. Atuou como professora colaboradora no Curso de Letras da (UFMS/CPCX) (2009 – 2010) e professora substituta (2020-2021). Atuou como professora /orientadora da Pós-graduação em Docência Educação Infantil MEC-UFMS-SEB, turma Coxim-MS (2011 - 2012). Atualmente é secretária de Educação do Município de Coxim.

Jornal Diário do Estado: Secretária, gostaria que a senhora começasse contando um pouco sobre quando a senhora descobre esse amor pela educação.
Michelle Muller:
Glenda, desde muito nova eu já gostava de ler e escrever, eu estudei na zona rural por muitos anos até que precisei deixar o campo para vir para cidade para concluir meus estudos, mas desde criança eu já gostava de ler, terminava minhas lições em sala de aula rápido para que eu pudesse pegar meus livros para ler, gostava de ficar na biblioteca da escola lendo, não via a hora passar, a leitura me transportava para lugares inimagináveis, com certeza tudo começou na minha infância e adolescência.

 Diário do Estado: Para a senhora, a educação mudou muito ao longo dos anos?
Michelle Muller:
Mudou muito, não vemos nos dias de hoje o respeito aos professores, meus pais me ensinaram que o mesmo respeito que tínhamos por eles, deveríamos ter pelos professores na escola, em casa não era admitido qualquer forma de desrespeito aos professores, respeitá-los era quase que um mandamento em casa, hoje acompanhamos como muitos professores têm sofrido. É comum vermos professores sendo xingados e até agredidos em sala de aula, isso é muito triste, por que professor é aquele que forma todas as profissões, sem os professores não existiriam outras profissões, é muito triste acompanhar o declínio nesse contexto.

Diário do Estado: A senhora é formada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, aqui mesmo no câmpus de Coxim, foi durante a graduação que essa escolha por se dedicar a educação começou?
Michelle Muller:
Como te disse foi muito cedo, mas durante a minha graduação eu digo que foi um divisor de águas, foi durante a minha graduação que me interessei pela educação especial inclusiva, foi quando eu me apaixonei e senti que meu chamado era esse, a educação especial inclusiva.

Diário do Estado: Bom, diante da sua caminhada na educação, por ter experiência e ser uma técnica no assunto a senhora foi convidada para assumir a pasta da Educação em Coxim, vamos agora falar um pouco sobre os serviços entregues pela sua pasta nos últimos anos, a primeira pergunta é: como chegou esse convite e foi um desafio?
Michelle Muller:
Bom, o convite foi uma surpresa, quando o prefeito Dr Edilson me chamou para conversar, pude falar um pouco sobre minhas experiências e a maneira que poderia agregar em sua gestão, fiquei muito feliz com o convite, poder contribuir com a educação, com a sociedade como um todo e impactar vidas positivamente através da educação e oportunizar um ensino de qualidade para nossas crianças e jovens é o sonho de todo educador. Foi sim e ainda é um grande desafio fazer essa construção diária por melhorias, mas acredito que a gestão atual tem contribuído de maneira muito significativa para a melhora da educação em Coxim, claro que muito ainda precisa ser feito, como disse é uma construção, mas acredito que muito foi feito nos últimos anos por essa administração.

Diário do Estado: Ao assumir a senhora teve algum receio?
Michelle Muller:
Acredito que a palavra seja expectativa, não receio. Quando nos deparamos com algo novo é normal do ser humano criar muita expectativa e ansiedade em torno de um novo projeto, eu cheguei pronta para os desafios, mas com os pés no chão para saber que muita coisa precisava ser feita e que o maior desafio seria trabalhar por uma educação que todas as crianças e adolescentes de Coxim tivessem acesso, eu então comecei a me perguntar: como eu posso ajudar a construir uma educação especial inclusiva? por onde começar? Como melhorar a qualidade dos serviços oferecidos? Eu estava certa dos desafios, mas com muita vontade de fazer o melhor.

Diário do Estado: Hoje a rede municipal conta com quantas escolas  e quantos alunos?
Michelle Muller:
São 4 escolas municipais e 7 centros de educação infantil, além das escolas da zona rural, da fazenda Lambari e Distrito de Jauru, totalizando em Coxim 3.763 alunos.

Diário do Estado: Existe uma demanda crescente em Coxim secretária?
Michelle Muller:
Sim Glenda, a demanda em Coxim é crescente conforme a população cresce a demanda também, para você ter uma ideia, em 2021 eram 3.124 alunos na rede municipal de ensino, hoje, em 2024 são 3.763 alunos. A demanda aumenta e consequentemente temos que aumentar os serviços, e também aumentar o efetivo conforme a necessidade específica de cada local.

Diário do Estado: A prefeitura municipal de Coxim nos últimos 2 anos tem investido bastante na estrutura física e tecnológica das escolas e centros infantis, a senhora pode falar um pouco sobre isso?
Michelle Muller:
Como você disse grandes avanços foram feitos, às escolas e centros infantis receberam aparelhos de ar condicionado e mais 52 foram comprados recentemente, inclusive nossa preocupação e da administração do Dr Edilson devido ao calor extremo que tem feito esse ano as cozinhas das escolas também foram equipadas com ar condicionado e exaustores para que as nossas merendeiras tenham condições dignas para trabalhar, afinal elas trabalham nos fogões fazendo a merenda dos nosso alunos e elas também merecem ser cuidadas. Também foram compradas cadeiras e carteiras, além de materiais de uso permanentes pelos professores. Nosso compromisso é dar condições para que esses profissionais executem seu trabalho da melhor forma.

Diário do Estado: A senhora falou sobre dar condições aos profissionais da educação, quais condições são essas que a Secretaria de Educação tem oferecido aos profissionais
Michelle Muller:
Nossos professores tem recebido formações e o fortalecimento para que esse profissional que está atuando na sala de aula consiga entender suas demandas do dia a dia, que saiba como lidar com alunos com alguma situação que precise de mais atenção, cursos de formação também para TDHA, transtornos de aprendizagem e para que educação seja inclusiva e esse aluno receba todo atendimento que tem direito nossos profissionais precisam estar cada vez mais capacitados para isso.

Diário do Estado: Falando sobre educação inclusiva professora, como os alunos que precisam desse acompanhamento mais de perto são atendidos pelo município?
Michelle Muller:
Coxim hoje conta com 64 professores de apoio, que são aqueles professores que possuem formação para auxiliar a professora regente durante as aulas acompanhando os alunos que precisem dessa profissional, além disso a rede municipal de ensino possui uma equipe multidisciplinar formada por psicóloga, assistente social, psicopedagoga e pedagoga que fazem toda a investigação com visitas domiciliares e entrevista com os familiares para entender qual a necessidade desse aluno, geralmente a família já possui um laudo que certifica que essa criança ou adolescente precisa de um professor de apoio em sala de aula para realizar as atividades

Diário do Estado: As escolas contam com outras ferramentas de suporte?
Michelle Muller:
Sim, existem as salas de recurso que é uma sala que os alunos que precisam de um acompanhamento o fazem no contra turno, neste espaço eles realizam atividades específicas e conversam com as profissionais que auxiliam nesse acampamento escolar, e a melhora nos alunos é muito significativa, recebemos diariamente relatos de mães emocionadas agradecendo e fortalecendo a rede de apoio.

Diário do Estado: A senhora acha que houve uma evolução no entendimento para as crianças que precisam de um atendimento mais específico?
Michelle Muller:
Muito, evoluiu muito, hoje no nosso município todos os alunos que fazem parte da rede que precisam de um acompanhamento seja ele um transtorno de aprendizagem, espectro autismo, TDAH, ansiedade, dislexia, enfim, todos são encaminhados assim que o professor identifica que esse aluno precisa de algum acompanhamento. Hoje todas as escolas da rede municipal de Coxim estão preparadas para receber essas crianças com todo suporte pedagógico que ela precise, como disse anteriormente nossos profissionais passam com regularidade por formações que auxiliam nesse trabalho dentro da sala de aula e um olhar mais apurado e sensível para nossas crianças.

Diário do Estado: Os professores de hoje estão mais atentos para esses casos de alunos da educação especial inclusiva?
Michelle Muller:
Sim, para eles como para todos nós tudo era novidade, como tratar os alunos que precisam de um pouco mais de atenção? Como fazer com que esse aluno se sinta incluído no meio escolar, por que ele tem esse direito, está lá na Constituição que toda criança tem direito a escola, eu digo sempre que o professor é o grande protagonista dessa história por que é ele que vai perceber que aquele aluno leva mais tempo para fazer uma atividade, ou que talvez ele não tenha feito, por que ele não socializa com as demais crianças, o professor se tornou um observador que vai conseguir identificar que a criança que apresenta alguma dificuldade de aprendizagem , ou que não para quieta ou que não interage com seus colegas precisa de um acompanhamento. Assim como tudo que é novo precisamos nos preparar e nos adaptar, e assim com a educação especial inclusiva.

Diário do Estado: Existe uma parceria entre escolas e famílias?
Michelle Muller:
Glenda, os pais são grandes parceiros, quando a escola precisa acionar os pais, explica com muito carinho que talvez seu filho precise de um acompanhamento, claro que a primeira reação é  impacto, por que as vezes dentro de casa os próprios pais não identificam alguma coisa atípica no comportamento do seu filho, mas quando nossos profissionais conversam com esses pais com carinho e afetividade, eles chegam a agradecer e essa forma positiva que os pais reagem é importantíssima para o tratamento dos seus filhos. Os filhos se sentem amparados e apoiados pelos seus pais porque estimular essas crianças é sempre muito determinante nesse processo.

Diário do Estado: Secretária, a ansiedade entre as crianças e jovens tem se tornado uma preocupação por atrapalhar o desempenho das crianças nas escolas, como trabalhar isso se ao mesmo tempo a tecnologia é tão importante e também auxilia no âmbito escolar?
Michelle Muller:
Ótima pergunta Glenda, bom, vamos lá, a tecnologia usada de maneira correta é sim uma grande aliada tanto para jovens quanto nós adultos, mas quando esse uso é feito de maneira irresponsável, sem regras, sem controle e sem limites se torna um vício, um vício que segundo estudos recentes não possui cura. A tecnologia é primordial no processo de ensino, inclusive a prefeitura de Coxim tem reestruturado toda a parte tecnológica das escolas e centros infantis, isso é melhoria para ser usado de forma responsável para que os profissionais tenham mais qualidade para suas aulas, mas muitos casos de ansiedade são por conta do uso excessivo do celular. As pessoas estão tão viciadas, que ficam doentes, desencadeiam crises de ansiedade e depressão se são privados de usar a internet. Não existe mais tempo de qualidade entre as famílias, conversas saudáveis, as famílias não se sentam mais a mesa, ficam cada um no seu canto usando celular até durante as refeições. É preciso que exista responsabilidade para usar o celular, inclusive esse controle deve ser dos pais, quando e como a criança pode usar o aparelho, o que ela pode assistir. Infelizmente como tudo na vida existe o lado negativo e o lado positivo, cabe a nós agir com coerência para que isso não traga transtornos para nossa vida.

Diário do Estado: Projetos estão vindo por aí para as escolas municipais de Coxim ainda este ano?
Michelle Muller:
Sim, e projetos muito importantes. Nossa cidade já tem parcerias muito fortalecidas com o Governo do Estado e com o Governo Federal, o plano para a 1° infância é um projeto que vai unir Secretaria de Assistência Social, Conselho Tutelar e Secretaria de Saúde, esse projeto por exemplo irá contemplar crianças de 0 a 6 anos de Coxim. O prefeito Edilson está muito empenhado para que o projeto tenha início, mas antes deveremos fazer uma audiência pública com a população coxinense para que todos possam conhecer mais sobre o projeto.

Diário do Estado: Qual tem sido o foco da Secretaria de Educação de Coxim?
Michelle Muller:
Temos conseguido alcançar os índices, fortalecer onde precisa ser fortalecido, investir na base, na valorização do profissional da educação, atender a demanda, desempenhando na sociedade local e principalmente para os estudantes da rede um ensino de qualidade e eficaz. Esse tem sido nosso foco que graças ao empenho do Dr Edilson, da secretária de gestão Veronildes Batista que tem nos ajudado com muitas conquistas, como a compra de novas geladeiras e fogões, as reformas que aconteceram nos centros infantis: Maria Santana, Zuleide Pompeu e escola Marechal Rondon. Temos feito um trabalho de formiguinha mas com o apoio de todos, temos resultados positivos.

Diário do Estado: É uma equipe que ajuda bastante?
Michelle Muller:
Sem eles seria impossível fazer um bom trabalho, a cidade cresceu muito, as necessidades, demandas, as diretoras das escolas e dos centros infantis, as professoras, as merendeiras, as meninas da limpeza, os funcionários das secretarias das escolas, são verdadeiros parceiros. Eles são o fio condutor para que a luz chegue nas crianças, ter essa equipe tão grande e especial acompanhando nosso trabalho é uma tranquilidade para mim por que sei que as crianças estão sendo bem cuidadas, e quero salientar aqui também Glenda, a equipe que trabalha comigo no dia a dia na sede da Secretaria de Educação, colaboradores especiais que não medem esforços, nem dia, nem hora para atender as demandas que chegam. A gente não faz nada sozinha, todas essas pessoas que citei são a base da educação em Coxim.

Diário do Estado: A Secretaria Municipal de Educação de Coxim sediou o 2°Encontro da Rede de Proteção da Criança e do Adolescente, com a participação do Conselho Tutelar, Creas, como foi esse encontro e quais as demandas foram colocadas em discussão?
Michelle Muller:
Foi um encontro de suma importância para Coxim por tratarmos de assuntos relacionados aos assuntos de interesse das nossas crianças e adolescentes, sobre seus direitos e o quanto o poder público tem feito sua lição de casa e cumprindo a lei e respeitando os direitos das crianças e adolescentes nas nossas escolas. Foi um encontro bastante proveitoso que nos mostrou que muito está sendo feito, o município de Coxim tem dado demonstrações através das melhorias feitas que está cumprindo seu dever em cuidar e proteger as crianças e adolescentes coxinenses.

Diário do Estado: Secretária, chegou o momento do nosso bate bola para que a população coxinense conheça a senhora mais um pouco, vamos lá?
Michelle Muller:
vamos lá !!!

Diário do Estado: Uma cor?
Michelle Muller:
Verde

Diário do Estado: Uma Música?
Michelle Muller:
Deus é Deus ( Delino Marçal)

Diário do Estado: Uma comida?
Michelle Muller:
Macarrão, massas em geral.

Diário do Estado: Uma alegria?
Michelle Muller:
Meus filhos e minha família

Diário do Estado: Uma dor?
Michelle Muller:
A saudade

Diário do Estado: Uma decepção?
Michelle Muller:
Pessoas egoístas

Diário do Estado: Uma gratidão?
Michelle Muller:
Deus

Diário do Estado: Um lugar?
Michelle Muller:
Minha casa

Diário do Estado: Uma pessoa preferida no mundo?
Michelle Muller:
Meu marido, meu grande apoiador e parceiro de vida

Diário do Estado: O que te irrita?
Michelle Muller:
Ignorância

Diário do Estado: Inclusão para você é?
Michelle Muller:
Amor

Diário do Estado: Amor para você é?
Michelle Muller:
Jesus

Diário do Estado: Paz para você é?
Michelle Muller:
Ver meus filhos bem, saudáveis e felizes

Diário do Estado: Fé para você é?
Michelle Muller:
TUDO

Diário do Estado: Uma frase?
Michelle Muller:
Tudo que você ver de bom em mim é Deus, tudo que você ver de ruim sou eu mesma.

 Diário do Estado: Gostaria que você fizesse suas considerações finais por favor Michelle
Michelle Muller:
Bom, antes de tudo gostaria de agradecer pelo convite em poder falar um pouco sobre o nosso trabalho na Secretaria de Educação de Coxim, gostaria de agradecer ao Dr Edilson pela oportunidade que me deu enquanto técnica de realizar meu trabalho, agradecer aos diretores, professores, funcionários como um todo de todas as escolas da rede municipal de Coxim pela parceria, agradecer a comunidade coxinense que confiou em entregar seu bem mais precioso, seus filhos em nossas mãos, desejo que possamos fortalecer e estreitar os laços entre escola, família e comunidade. Agradecer a equipe que junto comigo na Secretaria não tem medido esforços para entregar para população coxinense um bom trabalho e dizer, que quando fui convidada pelo Dr Edilson para assumir a pasta da Educação eu pedi a direção de Deus, e que Ele fizesse o melhor para mim e para cidade e que eu pudesse contribuir de maneira positiva para nossa sociedade, e até aqui o senhor me ajudou. E é assim que quero continuar minha história na educação, com responsabilidade e seriedade. Estamos á disposição de toda população coxinense, grande abraço.
 

Entrevistas

A Força Ambiental em Coxim: Capitão Anderson Fala sobre Rotina e Desafios

Anderson Abraao Elias de oliveira, 52 anos, Capitão da Polícia Militar Ambiental do batalhão de Coxim

A Força Ambiental em Coxim: Capitão Anderson Fala sobre Rotina e Desafios

11 de outubro de 2024

A Força Ambiental em Coxim: Capitão Anderson Fala sobre Rotina e Desafios

 

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NOSSO ENTREVISTADO DA SEMANA é Anderson Abraao Elias de oliveira, 52 anos, Capitão da Polícia Militar Ambiental do batalhão de Coxim, casado com Marília Colman - também Sargento da Polícia Militar Ambiental. Pai de 4 filhos: Anderson Abraao Castro Elias, Airyfer Castro Elias ("in memorian"), João e Samuel. Além do vôvô coruja dos netos Maria Eduarda, Elias e Emanuely. 
Bacharel em Adminstração e atualmente cursando Direito na UFMS.

Jornal Diário do Estado: Começamos nossa entrevista falando da sobre a sua chegada no batalhão da Polícia Militar Ambiental de Coxim, como foi e quando?
Capitão Anderson:
Glenda, sou natural de Aquidauana, assumi o comando em Coxim há exatos 9 meses, cheguei em fevereiro de 2024 fui muito bem recebido por todos do batalhão, pela população coxinense,minha família e eu já estamos totalmente adaptados a cidada, já me sinto em casa.

Jornal Diário do Estado: Capitão, como é a rotina do batalhão da Polícia Militar Ambiental em Coxim?
Capitão Anderson:
Ao contrário daquilo que as pessoas pensam o trabalho da Polícia Militar Ambiental vai além de fiscalizar crimes contra o meio ambiente, a fauna e flora, nosso trabalho acontece o ano todo, agimos de forma que a prevenção seja trabalhada efetivamente na cidade de Coxim, como sempre falamos por aqui: Mais informação, menos crimes ambientais.

Jornal Diário do Estado: Hoje o efetivo conta com quantos policiais para a fiscalização?
Capitão Anderson:
São 14 policiais para fiscalizar 27.000 km quadrados, nosso batalhão é responsável por fiscalizar não só o município de Coxim, mas também os municípios de:  Rio Verde, Alcinópolis, Sonora, Pedro Gomes.
 
Jornal Diário do Estado: O senhor nos últimos anos tem sentido no dia a dia o reflexo das mudanças climáticas no trabalho de vocês?
Capitão Anderson:
É impossível não sentir exemplo disso foi o que aconteceu no mês de junho aqui mesmo em Coxim, em vídeos divulgados vimos cardumes em massa mudando seu ciclo, a subida desses cardumes que deveriam acontecer em novembro com a piracema, mas aconteceu no mês de junho, os ciclos têm sido alterados, isso por conta das mudanças climáticas e ações humanas. 
 
Jornal Diário do Estado: Nos últimos meses capitão todo o Brasil e no nosso estado não foi  diferente vivemos a maior estiagem dos últimos 70 anos, como o senhor e sua equipe tem trabalhado no sentido de combate aos focos e se chegam denúncias para vocês de crimes ambientais cometidos na cidade.
Capitão Anderson:
As denúncias chegam sim, trabalhamos de maneira harmoniosa com o corpo de bombeiros de Coxim e sempre respeitamos aquilo que nos cabe e aquilo que cabe a outra corporação. As matas ciliares têm sido destruídas, a ação humana tem sido impactante no sentido de destruição, o equilíbrio ecológico tem sido prejudicado em todos os segmentos do meio ambiente, destruição das matas, pesca predatória, crimes contra animais, maus tratos, Amazônia e Pantanal sendo destruídos pela ganância humana, tudo isso está ligado ao meio ambiente e nossa qualidade de vida, não só nossa, mas das futuras gerações também.
 
 Jornal Diário do Estado: O senhor acha que levar educação ambiental para as escolas é importante?
Capitão Anderson:
Sem dúvida nenhuma, a prevenção, a informação será sempre a ferramenta mais importante para criarmos adultos responsáveis e com consciência ambiental, nosso batalhão em Coxim realiza visitas nas escolas, falamos da importância da preservação, plantamos nas crianças e adolescente a responsabilidade de cuidar daquilo que é deles, se plantarmos desde muito cedo nas nossas crianças a importância ecológica e sustentável estaremos impedindo que crimes ambientais sejam praticados no futuro.
 
Jornal Diário do Estado: A polícia militar ambiental criou em 2023 o SIGIA (Sistema de Georeferenciamento e Informações Ambientais) mas em prática o que é esse sistema?
Capitão Anderson:
O SIGIA é um sistema criado para ser um grande parceiro do nosso trabalho, em 2023 todos os comandantes da PMA estiveram em um encontro que aconteceu em Bonito para serem apresentados ao SIGIA, que nada mais é um centro de monitoramento, para sabermos quantas pessoas foram abordadas, quantas pessoas receberam autos de infração, acompanhamento em tempo real, o tempo de resposta será mais efetivo é a tecnologia ajudando a preservação do meio ambiente,é um sistema criado para que possamos monitorar, fiscalizar e punir aqueles que cometem crimes ambientais.
 
Jornal Diário do Estado: vocês recebem muitas denúncias,capitão?
Capitão Anderson:
Bastante, muitas ligadas aos maus tratos de cães e gatos, mas uma coisa que precisamos deixar claro até para a população ter esse entendimento do que é considerado maus tratos ou não eu vou dar um exemplo: Se a pessoa, proprietária do animal doméstico sai para trabalhar, deixa seu animal amarrado por exemplo, mas com água e ração, isso não configura maus tratos, maus tratos é um animal agredido, doente e sem cuidados. É preciso ter a legitimidade do crime para que possamos agir.
 
Jornal Diário do Estado: Vamos falar de Piracema agora capitão, dia 5 de novembro começa a piracema e se estende até 28 de fevereiro, esta é a época do ano mais complicada para vocês?
Capitão Anderson:
É uma época mais atípica , algumas pessoas têm bastante facilidade em descumprir a lei, mas um conselho que eu daria para quem pretende burlar a lei é: Não façam !!! receberemos reforços , nosso efetivo irá dobrar, usaremos a nossa inteligência para nos ajudar a coibir a pesca predatória, nosso efetivo estará espalhado por pontos estratégicos dos rios para pegarmos em flagrante aqueles que insistem em pescar durante a piracema.
 
Jornal Diário do Estado: O que acontece com quem for pego pescando durante a piracema?
Capitão Anderson:
As penas não são leves, detenção de 3 meses a 1 ano caso seja pego em flagrante e encaminhado imediatamente encaminhado para delegacia de polícia pelo crime ambiental,multa de 700 reais a 100.000 mil reais, apetrechos de pescas recolhidos e todo pescado é confiscado e doado para instituições locais, como asilos, creches, hospitais.
 
Jornal Diário do Estado: Muitos tentam burlar a lei e praticam a pesca na piracema?
Capitão Anderson:
Infelizmente sim, muitos são inclusive reincidentes.

Jornal Diário do Estado: Quantos kg de pescado foram apreendidos em 2023 pela PMA? 
Capitão Anderson:
1.570,826Kg
 
Jornal Diário do Estado: Por que o senhor acha que eles mesmo sabendo que é proibido praticam a pesca durante a piracema?, mesmo sabendo que é um crime e que podem ser presos?
Capitão Anderson:
Talvez porque achem que não serão pegos, o que é um grande equívoco por parte dos infratores, a lei existe para todos e iremos autuar e cumprir o que manda a lei.

Jornal Diário do Estado: A pesca predatória diante das fiscalizações e ações efetivas da equipe da PMA de Coxim tem aumentado ou diminuído o capitão?
Capitão Anderson:
Importante sua pergunta Glenda, primeiro quero salientar a minha gratidão em ter essa equipe me auxiliando nos trabalhos na cidade de Coxim e toda região, todo trabalho para ter um resultado positivo precisa ter uma equipe coesa, unida e ciente das suas responsabilidades, e graças ao empenho da nossa equipe a pesca predatória caiu para 30% ,esse número não existiria sem o trabalho desses homens que são verdadeiros heróis, enfrentando o calor extremo, chuvas, animais, trabalhos de dia e de noite, rotina exaustiva, eles são os protagonistas pela preservação da natureza e dos nossos rios, não medem esforços e sacrifícios para proteger o meio ambiente.

Jornal Diário do Estado: Hoje, para uma pessoa que deseja pescar nos rios de Mato Grosso do Sul, quais documentos deve possuir para não transformar a pescaria em dor de cabeça?
Capitão Anderson:
No caso dos pescadores profissionais carteira expedida pelo Ministério de Pesca e aquicultura para a obtenção da carteira do órgão estadual competente, pois compete ao estado legislar sobre questões de pesca em rios de  domínio da união e estado, já para o pescador amador, ele pode tirar tanto a carteira expedida pelo ministério da pesca quanto a do Imasul, mas na categoria amadora e não profissional
 
Jornal Diário do Estado:  Existe algum projeto que o senhor queira trazer para Coxim?
Capitão Anderson:
Sim, o projeto florestinha,o Projeto Florestinha é um projeto socioambiental que tem como objetivo principal promover a educação ambiental e ações sociais com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. 
O projeto foi criado em 23 de novembro de 1992 e é desenvolvido pela Polícia Militar Ambiental (PMA) de Mato Grosso do Sul. O projeto atende crianças e adolescentes de 7 a 16 anos, com atividades práticas e teóricas.
O Projeto Florestinha tem como objetivos: 
• Preparar os jovens para que se tornem defensores de um futuro sustentável 
• Enfrentar o problema da marginalidade e da criminalidade crescente entre jovens de bairros periféricos 
• Auxiliar os alunos a entrarem no mercado de trabalho.
O Projeto Florestinha já atendeu mais de 120 mil crianças e adolescentes. Os participantes do projeto já plantaram milhares de mudas de várias espécies em vários locais, da Capital e interior

Jornal Diário do Estado: O senhor acha que falta engajamento da sociedade para que os crimes ambientais sejam praticados?
Capitão Anderson:
Acho que falta interesse, das pessoas como um todo e isso não é só aqui, eles acham que os recursos naturais são infinitos, mas estamos assistindo todos os dias notícias que nos trazem exatamente o oposto, floresta amazônica sendo destruída por ambição humana, nosso pantanal, acredito que gerações novas não recebam os estímulos necessários como fechar a torneira ao escovar os dentes, controle da água durante o banho, o reuso da água que lavamos nossas roupas, as pessoas usam a água como se não fosse acabar, destroem as matas e as florestas como se não houvesse consequência para isso, mas estamos sentindo a consequência de anos de irresponsabilidades. É preciso trabalhar educação ambiental urgente nas escolas, inclusive eu sou a favor que educação ambiental faça parte da grade curricular das escolas, isso seria uma maneira de formarmos pessoas conscientes do seu papel na sociedade.
 
Jornal Diário do Estado: Capitão, recentemente acompanhamos uma notícia que chocou tanto moradores de Coxim, que foi onde o fato aconteceu, quanto do estado e o Brasil, um pecuarista foi preso por maus tratos aos animais da sua propriedade, alguns crimes , mesmo com 32 anos dentro da PMA ainda chocam o senhor?
Capitão Anderson:
Sim, e muito, sobre esse caso em específico eu fui o responsável pela prisão desse pecuarista, nossa equipe se deslocou até Campo Grande para efetuar a sua prisão em um condomínio de luxo da cidade .

Jornal Diário do Estado: Ao ser preso ele demonstrou arrependimento?
Capitão Anderson:
Não demonstrou arrependimento, foram encontrados na sua propriedade em Coxim 268 cabeças de gado mortas, e mais 984 em situação de maus tratos, foi uma situação bastante triste, inclusive para nós que estamos acostumados com casos difíceis.

Jornal Diário do Estado: O senhor acha que as pessoas que praticam os crimes ambientais e contra animais fazem por desconhecer as leis?
Capitão Anderson:
Não Glenda, fazem com a certeza da impunidade, primeiro acham que não irá acontecer com elas, que serão pegas, que a justiça não funcionará para elas, que não dará em nada, é um mero engano, estamos atentos e seremos fiscalizadores e como eu disse anteriormente a justiça é para todos, iremos coibir e combater toda prática ilícita que possa prejudicar o meio ambiente.

Jornal Diário do Estado: O senhor já pensou em deixar a PMA?
Capitão Anderson:
Não, jamais pensei ,não só eu mas toda a equipe da PMA de Coxim trabalha com dedicação e amor na profissão que escolhemos, eu vejo todos os dias a dedicação e amor que a equipe tem ao desenvolver seus trabalhos, para fazer um trabalho bem feito toda a pessoa tem que estar feliz com a profissão que escolheu e nossa equipe não mede esforços diariamente para entregar bons resultados. 

Jornal Diário do Estado: De que maneira as mudanças climáticas interferem no trabalho de vocês?
Capitão Anderson:
Diretamente, os incêndios aumentam, a fiscalização nos rios por conta da seca extrema fica mais difícil por conta dos bancos de areia e pedras por que usamos barcos, as mudanças climáticas são sentidas por nós, porque lidamos com o meio ambiente, a natureza e a natureza está diretamente ligada as mudanças climáticas.
 
Jornal Diário do Estado: Como é o relacionamento entre a PMA e os pescadores e colônias de pescadores locais?
Capitão Anderson:
Ótima pergunta Glenda, é uma oportunidade para desmistificar, essa cultura que existe um relacionamento ruim com os pescadores e colônias, o relacionamento é ótimo, não somos inimigos, estamos no mesmo barco, porque tanto para eles quanto para nós os peixes servem vivos dentro dos rios, preservando para que nunca falte.

Jornal Diário do Estado: Nesses 32 anos de serviços prestados para a PMA existiu algum caso que tenha marcado o senhor?
Capitão Anderson:
Sim, em 2016 eu comandava o batalhão de Miranda e das cidades vizinhas, recebi no batalhão uma senhora que estava indo comunicar o desaparecimento de 3 pessoas que moravam em uma fazenda próxima que haviam saído para caçar, as 3 pessoas, todos homens desapareceram em uma área que existem muitas onças, cobras e sumidouros, mobilizamos a equipe do corpo de bombeiros que nos ajudou nas buscas, percorremos em média 17 km na busca por essas pessoas, foi um trabalho em equipe e não havia muita esperança que eles estivessem vivos, pelo tempo de desaparecimento, sem água , sem alimentos, para se ter ideia entre o grupo já existia um carro da funerária local para que os corpos fossem encaminhados. Enfim, para nossa surpresa localizamos todas as pessoas, bastantes desnutridos e muito fragilizados, como eles estavam com armas pois haviam ido caçar todos os procedimentos foram tomados, recolhemos as armas, eles foram atendidos pelos médicos, entregues para suas famílias, foi um momento de bastante comoção porque eles já eram tidos como mortos, foi bastante emocionante das famílias nos abraçando e agradecendo, tomamos todas as providências legais diante dos fatos, ficamos felizes que essa história teve um final feliz, são vidas humanas que foram salvas, essa passagem me marcou bastante, não só a mim, mas para todos que participaram desse resgaste.

Jornal Diário do Estado: Qual característica o senhor mais enxerga no trabalho efetuado por voces?
Capitão Anderson:
Não é só uma, são algumas, a dedicação, a fidelidade, o amor pela profissão, a lealdade,o prazer que sentimos eu e a nossa equipe em cuidar do nosso bem mais precioso que é nosso meio ambiente.

Jornal Diário do Estado: Gostaria que o senhor deixasse suas considerações finais capitão
Capitão Anderson:
Glenda, gostaria de agradecer a oportunidade de falar um pouco sobre nosso trabalho, nosso efetivo, essa equipe que é motivo de orgulhao, da responsabilidade que sentimos todos os dias com a sociedade coxinense, em cuidar e proteger esse patrimônio local que são seus rios e natureza como um tudo. Nosso trabalho não é fácil, mas sabemos que dele dependem as futuras gerações e temos noção da nossa responsabilidade. Somos um braço da sociedade, precisamos da coletividade e da ajuda da população coxinense para ajudar no nosso trabalho. Somos funcionários da sociedade coxinense, nosso batalhão estará sempre aberto para receber os coxineses, e ao Jornal Diário do Estado agradecemos pelo apoio em divulgar nossas ações e mostrar um pouco do nosso trabalho.