sexta, 03 de janeiro, 2025
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Réveillon é uma das comemorações mais esperadas do ano. Trata-se de um momento de celebração, mas muitas vezes a alegria da virada pode ser sucedida por mal-estar no dia seguinte, a famosa ressaca. Como lidar com isso? É possível prevenir ou minimizar os efeitos dela? Especialistas ouvidos por EU Atleta explicam como fazer.
O que causa ressaca?
O álcool ingerido é metabolizado principalmente no fígado e oxidado por duas enzimas principais, segundo explica o médico do esporte e endocrinologista Clayton Macedo, presidente do Departamento de Endocrinologia do Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
O álcool é inicialmente transformado em acetaldeído pela ação da enzima álcool desidrogenase (ADH). Mesmo em pequena quantidade, o acetaldeído é tóxico ao organismo. Por isso, o corpo humano tenta se livrar dele o quanto antes.
Com consumo moderado de bebida alcoólica, o fígado dá conta, com a enzima aldeído desidrogenase (ALDH), de converter o acetaldeído em acetato - substância que não é prejudicial.
O problema está em quando o indivíduo bebe mais do que a capacidade do corpo humano de fazer tudo isso em tempo suficiente para impedir a intoxicação do organismo.
O resultado de horas de intoxicação por álcool é a ressaca - consequências da ação prolongada do acetaldeído e da desidratação provocada pela diurese excessiva.
Com isso, surgem sintomas comuns desta condição, como dor de cabeça, cansaço, náuseas, tontura e dificuldade de concentração. A ressaca pode ser agravada pela alimentação inadequada e por sono reparador insuficiente.
Conforme o endocrinologista, o tempo necessário para metabolizar o álcool depende da quantidade consumida, do peso corporal, do sexo e da genética, que pode ditar como as enzimas processam o acetaldeído.
Como evitar ou atenuar a ressaca no Réveillon?
O mais importante para evitar a ressaca no Réveillon é se alimentar bem antes, continuar comendo enquanto consome as bebidas alcoólicas e intercalar o álcool com doses de água, além de, obviamente, não exagerar na dose.
O porta-voz da SBEM e da Abeso explica que a água não exatamente previne a ressaca, porque a desidratação não é a principal causadora dos sintomas, mas é importante manter a hidratação sempre em alta.
É mais efetivo comer alimentos ricos em carboidratos, de modo a retardar a absorção do álcool e fornecer energia ao organismo.
O que comer?
Antes:
Prefira alimentos ricos em proteínas e carboidratos complexos, como peixes, frango, arroz integral, massas e legumes. Esses alimentos ajudam a manter o nível de glicose no sangue estável, evitando a queda brusca de energia durante a madrugada.
— É crucial ingerir alimentos antes do consumo de bebidas alcoólicas para justamente o álcool não agredir de forma exponencial o estômago. É indicado não deixar o álcool em contato direto com a parede do estômago — explica o nutricionista Lucas Daim.
Durante:
É essencial investir em alimentos que favoreçam a saúde intestinal e o fígado, que são os órgãos mais impactados pelo álcool, como frutas e vegetais, que ajudam a manter o intestino saudável e facilitam a digestão.
Além disso, deve-se consumir alimentos ricos em carboidratos. Assim, os efeitos da absorção do álcool são retardados e o corpo recebe injeções extras de energia.
Depois:
Vitaminas do complexo B são essenciais para o metabolismo do álcool e ajudam a reduzir os efeitos negativos no organismo. Alimentos como carnes magras, ovos, legumes e folhas verdes são ricos nesse complexo.
Já a vitamina C tem poder antioxidante e pode ajudar a reduzir a sensação de cansaço. Consuma frutas cítricas, morangos e pimentões.
O que beber?
Antes:
O álcool desidrata o corpo, sendo essencial compensar a perda de líquidos com antecedência. Por isso, inicie a festa já hidratado. Água e água de coco são bebidas simples e repõem os minerais e hidratam o corpo.
Durante:
Durante a comemoração, alterne as bebidas alcoólicas com água. Além disso, evite bebidas alcoólicas com alta concentração de congêneres (como whisky, rum, vodka e vinho tinto). Essas substâncias aumentam a intensidade da ressaca.
Além de água, as bebidas isotônicas podem ser uma boa pedida. Elas ajudam a repor os eletrólitos perdidos durante o consumo de álcool, prevenindo a desidratação e o cansaço excessivo.
Também é ideal evitar beber de forma contínua. Beber de forma mais espaçada dá tempo ao corpo para metabolizar o álcool, reduzindo os impactos da ressaca.
Depois:
O ideal é beber água e apostar em um suco de laranja ou limão para ajudar na reposição de vitaminas e minerais.
O chá de boldo também pode contribuir para uma boa preparação do fígado, pois o boldo tem ação desintoxicante e auxilia o corpo a digerir a toxina que o álcool carrega.
Cuide do sono
O sono é um dos maiores aliados do corpo na recuperação de qualquer efeito negativo. Depois da festa, procure descansar adequadamente. O descanso ajuda o organismo a eliminar as toxinas causadas pelo álcool e a repor a energia perdida.
Para aproveitar a festa de Réveillon e evitar a ressaca no dia seguinte, é essencial se preparar com escolhas alimentares e de hidratação adequadas. Beber com moderação, consumindo alimentos ricos em vitaminas e minerais e cuidando do sono são atitudes que podem transformar a experiência da virada em algo muito mais leve e prazeroso.
Fontes:
Clayton Macedo é médico do esporte, endocrinologista e presidente do Departamento de Endocrinologia do Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
Lucas Fortunato Moreira Daim é nutricionista pela Universidade Celso Lisboa e especialista em nutrição na obstetrícia, pediatria e adolescência pela NutMed.
Saude
Ferramenta emite recibos digitais por profissionais liberais da saúde
2 de janeiro de 2025
Desde ontem, quarta-feira (1º), os profissionais de saúde pessoas físicas deverão dispensar o papel e poderão emitir recibos apenas por meio do aplicativo Receita Saúde. A ferramenta, que promete reduzir a sonegação e o número de declarações do Imposto de Renda na malha fina, passa a ser obrigatória em 2025.
Utilizado por médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, o aplicativo está disponível desde abril do ano passado, mas o uso era facultativo. Segundo a Receita Federal, mais de 380 mil recibos tinham sido emitidos até o início de dezembro, totalizando mais de R$ 215 milhões em valores de serviços de saúde.
O aplicativo carregará automaticamente os recibos emitidos em 2024 como receita na declaração do profissional de saúde e como despesas a serem deduzidas na declaração pré-preenchida do Imposto de Renda Pessoa Física em 2025. Os recibos emitidos em 2025 serão automaticamente incorporados à declaração de 2026.
Apenas médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais com registro ativo em seus conselhos profissionais podem emitir recibos por meio do Receita Saúde. O Fisco esclarece que a ferramenta não se aplica aos prestadores de saúde pessoas jurídicas, que informam os dados por meio da Declaração de Serviços Médicos de Saúde (Dmed).
Redução de declarações
De acordo com a Receita Federal, a obrigatoriedade do aplicativo deve reduzir significativamente o número de declarações do Imposto de Renda em malha fina. Em 2024, os problemas relativos a gastos médicos foram responsáveis por 51,6% do total de motivos para a retenção de 1,47 milhão de declarações.
Disponível nas lojas de aplicativos dos sistemas iOS (da Apple) e Android, o Receita Saúde deve ser baixado pelas pessoas físicas que exercem atividades ligadas à saúde registradas nos respectivos conselhos profissionais
O recibo deve ser emitido no momento do pagamento da prestação do serviço. Caso haja mais de um pagamento relativo a uma mesma prestação de serviços, deverá ser emitido um recibo para cada pagamento realizado. Em caso de erro no recibo, o documento digital pode ser cancelado até dez dias após a data da emissão.
A Receita Federal elaborou um manual com as principais perguntas e respostas relativas à utilização do aplicativo..
Envenenamento
Três pessoas morreram e duas seguem hospitalizadas após comer bolo no Litoral Norte do RS. Exames apontaram presença de arsênio, substância extremamente tóxica, no sangue de sobreviventes e de uma das vítimas.
28 de dezembro de 2024
Três pessoas morreram e duas estão hospitalizadas após comer um bolo em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Os resultados das primeiras análises laboratoriais, coletadas pelo Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, indicaram presença de arsênio no sangue de uma das vítimas e dos dois sobreviventes. A substância é extremamente tóxica e pode levar à morte.
As pessoas que morreram foram identificadas como Neuza Denize Silva dos Anjos, Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva. A mulher que fez o bolo e um menino de 10 anos seguem internados e estão "clinicamente estáveis", conforme boletim médico divulgado na manhã desta sexta-feira (27). Os nomes deles não foram divulgados oficialmente. Entenda abaixo quem é quem no caso.
Quem é quem
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma das pessoas não teria comido o bolo. As pessoas que comeram o bolo são três irmãs, além do marido de uma delas e da filha e do neto de outra. A sétima pessoa é o marido da outra irmã - ele não comeu o bolo.
Vítimas
Identificada como "irmã 2", tinha 58 anos. Maida estava entre as duas primeiras pessoas que tiveram a morte confirmada, entre a noite de segunda-feira (23) e a madrugada de terça, logo após ser internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres.
De acordo com o boletim médico, a causa da morte foi parada cardiorrespiratória. Ela foi sepultada na tarde desta quarta-feira (25), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Segundo Denise Teixeira Gomes, amiga de Maida, ela era "uma pessoa jovem, alegre. Eles viajavam muito, felizes, eram pessoas solidárias".
Identificada como "irmã 3", tinha 65 anos e é mãe de Tatiana dos Anjos, que também morreu, e avó do menino de 10 anos que segue internado. Ela foi a terceira pessoa a morrer, na noite de terça-feira (24), depois de passar um dia internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres.
De acordo com o boletim médico, a causa da morte foi "choque pós intoxicação alimentar". Ela foi sepultada nesta quinta-feira (26) em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Exames laboratoriais apontaram a presença de arsênio no sangue de Neuza e das duas pessoas hospitalizadas.
Filha de Neuza, tinha 43 anos. Ela estava entre as duas primeiras pessoas que tiveram a morte confirmada, entre a noite de segunda-feira (23) e a madrugada de terça, logo após ser internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres.
De acordo com o boletim médico, a causa da morte foi parada cardiorrespiratória. Ela foi sepultada na tarde de quarta-feira (25), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Hospitalizados
Identificada como "irmã 1", não teve o nome divulgado oficialmente. Ela segue internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres.
De acordo com o boletim médico divulgado na manhã desta sexta-feira (27), a mulher teve melhora no estado de saúde e está "clinicamente estável". Segundo a investigação da Polícia Civil, ela foi a única pessoa da casa a comer duas fatias.
Exames laboratoriais apontaram a presença de arsênio no sangue da mulher, do menino hospitalizado e de Neuza, que morreu. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue da mulher que fez o bolo. A polícia apura as hipóteses de envenenamento ou intoxicação alimentar.
Também segue hospitalizado um menino de 10 anos, que também não teve a identidade divulgada oficialmente. Ele é filho de Tatiana e neto de Neuza. De acordo com o boletim médico divulgado na manhã desta sexta-feira (27), ele teve melhora no estado de saúde e está "clinicamente estável". Exames laboratoriais apontaram a presença de arsênio no sangue dele.
Recebeu alta
Não comeu o bolo
O que é arsênio
Conforme André Valle de Bairros, professor de Toxicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o arsênio é o elemento químico, enquanto arsênico é denominado para o composto trióxido de arsênio.
"O arsênico trata-se da forma mais tóxica. A partir de 100 mg é possível a morte de um indivíduo adulto. Geralmente, o arsênico está na forma de pó e não tem cheiro ou gosto. Apesar de ter sido usado como raticida, esta droga pode ser empregada para fins de tratamento oncológico em pacientes com leucemia promielocítica aguda e é comercializada como Trisenox", explica o especialista.
Bairros assinala que arsênico é proibido de ser comercializado no Brasil como raticida e o uso como agente quimioterápico é restrito.
"O arsênio é um elemento de alta toxicidade conhecida pela humanidade e sempre houve um certo temor. Há locais no globo terrestre ricos em arsênio, e isso contamina fontes de água. Mas é algo que precisa ser muito investigado. Há literatura científica, e de fato, há essa contaminação em leite, carne e frutas, porém, o fato de estar expostos a concentrações maiores de arsênio não significa necessariamente uma intoxicação", acrescenta.
O caso
De acordo com a Polícia Civil, na última segunda-feira (23) sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo. A mulher que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
A investigação encaminhou os corpos das três vítimas para necropsia no Instituto-Geral de Perícias (IGP), órgão responsável por atestar a causa da morte. Resultados devem ser divulgados na próxima semana.
Conforme o delegado, o ex-marido da mulher que fez o bolo morreu em setembro por intoxicação alimentar. A morte não foi investigada pela polícia, por ter sido considerada natural. Agora, a polícia instaurou inquérito sobre o caso e pediu exumação do corpo.