quinta, 23 de janeiro, 2025
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A suspensão da licença para a construção de uma represa hidrelétrica no Córrego Cipó, que ameaçava desviar até 80% do fluxo de água da 2ª maior cachoeira de Mato Grosso do Sul, a Água Branca, localizada em Pedro Gomes, serviu de incentivo para a criação de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural).
Distante cerca de 50 km de Coxim, a área é o “quintal” do produtor rural Nelson Mira Martins, que vive há mais de 30 anos na região. A possibilidade de que a cachoeira viesse a desaparecer preocupava Nelson.
“É muito melhor esse patrimônio cênico, essa beleza, não ser destruída”, afirmou quando a licença para a construção da represa foi oficialmente cancelada.
A desistência da instalação de uma hidrelétrica no córrego foi resultado de esforço coletivo que mobilizou moradores, organizações ambientais e o MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul).
Assim, com apoio da ONG (Organização Não Governamental) Ecoa, foi iniciado o processo de criação da RPPN Água Branca, que agora está em andamento no ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
Quando concluída, a reserva garantirá a proteção definitiva da cachoeira, enquanto abre novas possibilidades para o turismo sustentável e a geração de renda na região.
O que é RPPN
As Reservas Particulares do Patrimônio Natural são um tipo de unidade de conservação de uso sustentável criada por iniciativa do proprietário, que se compromete a preservar a área de forma permanente.
Futuro da área
Ele planeja construir uma pousada na área, permitindo que visitantes de todas as partes conheçam a exuberância da Cachoeira Água Branca e vivenciem a conexão única entre natureza e comunidade local.
Além disso, o município de Pedro Gomes poderá se beneficiar do ICMS Ecológico, um mecanismo de incentivo financeiro para municípios que conservam o meio ambiente, impulsionando investimentos locais e gerando benefícios para toda a comunidade.
Desenvolvimento
Para desenvolver e colocar em prática ações voltadas a proteção do Pantanal sul-mato-grossense, o Governo do Estado iniciou a elaboração de um programa que envolve diferentes áreas educação,...
23 de janeiro de 2025
Para desenvolver e colocar em prática ações voltadas a proteção do Pantanal sul-mato-grossense, o Governo do Estado iniciou a elaboração de um programa que envolve diferentes áreas educação, saúde, assistência social, segurança pública, e outras e que vai contribuir para a execução de ações diversas nas diferentes áreas do bioma.
O trabalho terá como foco atender a população pantaneira que vive em 12 municípios da planície e também em outros 22 municípios que fazem parte da Bacia do Paraguai. Com políticas públicas eficientes e conjuntas, a atuação transversal do Governo do Estado já ocorre de maneira continua e permanente, e com o programa será intensificada de maneira moderna e eficiente.
"Tivemos a Lei do Pantanal e iniciamos um movimento de discutir o bioma. A legislação e o seu processo de regulamentação, a conexão com a temática dos incêndios, e com isso pensar no Pantanal como a região que tem o menor IDH do nosso Estado. Esse governo usa o desenvolvimento como ferramenta para promoção das outras agendas, entre elas a ambiental, porque a nossa crença é que ela precisa estar atrelada ao desenvolvimento sustentável. E por isso começamos a organizar um grande programa de investimento estruturante para o Pantanal, que contempla as questões relativas à conservação, e de atendimento à população, de desenvolvimento das atividades econômicas que são possíveis dentro do bioma", disse Artur Falcette, secretário-adjunto da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
A primeira reunião de elaboração do programa foi realizada hoje (22), para apresentação dos critérios a serem contemplados, com a participação dos secretários Rodrigo Perez (Segov) e Maurício Simões (SES), além do subcomandante-geral do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) Adriano Rampazo, e representantes da Seilog (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística), SED (Secretaria de Estado de Educação), Imasul (Instituto de Meio Ambiente).
E hoje o governo pensa nesse desenvolvimento contemplando todas as áreas, né? Educação, saúde, isso é importante também para o desenvolvimento da região e do Estado. Perfeito, contemplando todas as áreas, porque "A gente precisa olhar sobre uma perspectiva de conservação, e como a gente traz os indivíduos que estão estabelecidos ali, sem isolar eles e garante que tenham acesso a serviços básicos que nós temos no resto do Estado, e possam querer ficar naquele território. A presença humana e do Estado são fundamentais para o desenvolvimento do território, e para a manutenção dos níveis de conservação que a gente tem hoje lá", explicou Falcette.
O Instituto Taquari Vivo será responsável pelo suporte técnico da proposta que será apresentada. "A proposta será elaborada pelas equipes do Governo do Estado, a gente faz a coordenação e organização, e coloca num formato que os órgãos de financiamento exigem. O objetivo principal é ter uma plataforma de desenvolvimento para o Pantanal, onde as políticas públicas e os investimentos sejam direcionados e articulados", explicou o diretor executivo do Instituto, Renato Roscoe.
Em 2024, um dos principais trabalhos desenvolvidos pelo Governo do Estado na região do Pantanal sul-mato-grossense envolveu as ações de combate aos incêndios florestais, realizado pelo Corpo de Bombeiros e outros parceiros. A atuação com planejamento logístico eficiente, garantiu a efetividade do trabalho realizado durante todo o ano e a proteção do bioma.
"Nós sabíamos desde o começo que seria um ano atípico e nos preparamos para isso e a grande inovação foram as bases avançadas. Foi muito difícil, mas foi a grande diferença para a temporada de 2024. Saímos vitoriosos com certeza, porque as previsões eram bem piores que 2020. Vamos melhorar ainda mais a nossa logística com as bases avançadas, além da questão da segurança dos nossos militares. Tudo já está sendo planejado para este ano", explicou o coronel Adriano Rampazo.
MEIO AMBIENTE
Entre maio de 2023 e abril de 2024, 2,3 mil animais silvestres foram atropelados na BR-262, entre Campo Grande e a ponte do Rio Paraguai, próximo a Corumbá. Os dados fazem parte do...
23 de janeiro de 2025
Entre maio de 2023 e abril de 2024, 2,3 mil animais silvestres foram atropelados na BR-262, entre Campo Grande e a ponte do Rio Paraguai, próximo a Corumbá. Os dados fazem parte do monitoramento realizado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS).
As estatísticas revelam que, em um ano, cerca de 200 animais morreram todos os meses na rodovia. A morte mais recente é a de uma onça-pintada, registrada no dia 19 deste mês. Desde 2016, 20 animais da espécie morreram na rodovia, conforme aponta o Instituto do Homem Pantaneiro.
Segundo o presidente e fundador do ICAS, Arnaud Desbiez, a região abrange os biomas Cerrado e Pantanal e é monitorada desde 2013. Equipes percorrem a rodovia de carro a cada 15 dias para contabilizar as mortes. O pesquisador explica que os números podem ser ainda maiores, já que muitos animais não morrem no local do atropelamento.
“O animal é atropelado na rodovia, se a pancada é muito forte, ele morre ali, mas, mais da metade, na verdade, vão morrer a dez, vinte, até 900 metros da rodovia. E se o animal está a alguns metros da estrada, a gente já não vê ele mais”, explica.
O levantamento da instituição mostra, ainda, que entre as espécies mais atingidas por veículos estão os tatus, anfíbios, jacarés e cachorros-do-mato.
Impacto às pessoas
Para Arnaud, as estatísticas revelam séria problemática em Mato Grosso do Sul, tanto para a fauna quanto para as pessoas que trafegam pela rodovia.
“Quando tem essa colisão com o animal, isso é uma ameaça muito grande para os usuários do veículo. Pessoas morrem nas estradas de Mato Grosso do Sul. É uma tragédia anunciada”, destaca.
O presidente do ICAS acredita, ainda, que ações mais efetivas precisam ser implementadas, como cercamentos que conduzem os animais para passagens seguras, evitando que eles atravessem a rodovia.
“A receita para evitar esse tipo de tragédia existe, já tem esse plano de mitigação, mas precisa que ele seja implementado.A BR-262 foi chamada de 'rodovia da morte' pelo New York Times, é uma rodovia famosa. A tendência das autoridades é colocar a culpa no usuário, dizendo que as pessoas dirigem muito rápido, não respeitam a velocidade. Mas, não é essa a problemática. Quando um animal atravessa rápido, não dá tempo”, comenta.
Dados do Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, repassados ao g1 pela organização, apontam que entre 2013 e 2024, 47 pessoas morreram em acidentes envolvendo colisão com antas.
O levantamento da INCAB abrange diversas rodovias de Mato Grosso do Sul, incluindo a BR-262, e reúne dados noticiados pela imprensa no período, considerando que colisões com antas resultam em graves acidentes.
"Então, eu penso muito na onça, mas eu penso também nesse carro [que atropelou a onça]. Se for um carro de pequeno porte, numa colisão como essa, poderia ter matado uma pessoa. Então, a gente nunca pode esquecer esse lado humano dessa tragédia", finaliza Arnaud.