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VOTO, SUA HISTÓRIA NO BRASIL E A IMPORTÂNCIA DELE PARA A NOSSA VIDA.

19 JUL 2024 • POR • 09h18

VOTO, SUA HISTÓRIA NO BRASIL E A IMPORTÂNCIA DELE PARA A NOSSA VIDA.
Embora muitos se esqueçam o sufrágio universal (voto sem distinção de raça, gênero, renda, e religião) somente foi implementado no Brasil com a Constituição Cidadã de 1988, ou seja, há 32 anos. O voto em nosso país começou no ano de 1532 com a primeira eleição para a Câmara Municipal de São Vicente; até 1821 o voto era restrito ao âmbito municipal e só quem votava eram os homens livres; já na fase imperial o voto era censitário, era preciso ter um mínimo de renda para ter direito ao sufrágio, e era possível escolher somente os representantes do legislativo; só com a destituição da família real que o Brasil passou a ter seus representantes do Executivo eleito dentre o “povo”, entretanto o poder do voto era concentrado em poucas pessoas. Menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, soldados rasos, indígenas e integrantes do clero estavam impedidos de votar.
As eleições até então eram marcadas por muitas fraudes como coação de eleitores, bico de pena praticada pelas mesas eleitorais, inventavam-se nomes, ressuscitavam-se os mortos, e os ausentes compareciam. A mudança somente ocorreu com Getúlio Vargas, que criou o Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais, onde o voto feminino e o voto secreto foram instituído, o que tornou o processo eleitoral mais amplo, transparente, e idôneo. Entretanto, com o Estado Novo as eleições foram suspensas.
Só com o fim do Estado Novo, em 1945 o Brasil conseguiu implementar uma experiência democrática significante, as mulheres que tinham o direito ao voto desde 1932 puderam votar, e até 1964 tivemos quatro presidentes eleitos democraticamente pelo voto popular. Na ditadura o voto para o chefe do executivo federal era indireto, mas no legislativo permaneceu o voto direto, em um sistema bipartidário, ARENA e MDB.
Foi no movimento pelas Diretas Já que a sociedade brasileira conseguiu instituir de fato o direito ao voto e ao sufrágio universal.
Portanto, é recente a nossa experiência democrática, talvez por isso a nossa sociedade ainda esteja amadurecendo o voto consciente, ainda hoje a influência do poder econômico é muito grande, e quando ocorre a ruptura do voto de cabresto, muitas das vezes temos o voto de protesto, que é um voto mais emocional que racional, exemplo disso foi a eleição do Tiririca em 2010, eleito deputado federal com mais de 1,3 milhão de votos.
A insatisfação do povo com a classe política atinge de forma dramática a importância de se votar, em 2018 a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, que revelou um quadro preocupante, onde 68% dos entrevistados afirmaram que, se pudessem, não votariam naquele ano, os principais motivos apontados eram: 1) corrupção (30%); 2) ausência de confiança no governo ou candidatos (19%); 3) falta de opção entre os candidatos (16%).
Assim, nota-se que saímos das lutas pelo direito de votar para a contemporânea liberdade de poder não votar, o problema está na falta de conscientização de que é por meio do voto que as transformações sociais, tão necessárias, ocorrem. A nossa vida depende fundamentalmente daqueles que comandam as políticas públicas, saúde, educação, segurança, cultura lazer, e a geração de emprego e renda estão atreladas ao nosso voto. Negar a importância do voto para a vida individual e coletiva é o mesmo que negar a cidadania. Votar é o direito de escolher o futuro de nossas vidas e da nossa sociedade, direito este que foi conquistado com muita luta e sangue, mas não é fácil votar, pois é necessário que se estude os candidatos e suas propostas.
Mas nem tudo está perdido, as eleições municipais de 2020 comprovaram que o povo está cada vez mais consciente do papel dos políticos, parece que estamos diante de uma ruptura com o modelo oligárquico do passado, pautado na distribuição de misérias e conchavos realizados a portas fechadas.