“Eu estava tentando, mas vai ser um dia inesquecível para a minha vida.” O piloto brasileiro Felipe Massa estava prestes a completar a 48ª volta quando perdeu o controle de sua Williams na Subida do Café e atingiu em cheio o guard rail. Foi o fim de uma história que nem Massa ou qualquer torcedor nas arquibancadas de Interlagos gostaria de assistir. Mas do acidente infeliz, o vice-campeão do Mundial de pilotos em 2008, que largou pela 14ª vez para o Grande Prêmio do Brasil, fez sua passarela de despedida. Ao voltar para os boxes, caminhando pela lateral da pista, Felipe fez questão de saudar o público. Bateu no peito, no lado do coração, acenou e estendeu uma bandeira brasileira.
Ao chegar no pit lane, mais lágrimas e deferências. Primeiro da equipe da organização da prova. Alinharam-se todos, formando um corredor de aplausos. Na sequência, Felipe foi recepcionado por sua esposa, Rafaella, e pelo filho Felipinho. Em seguida, os mecânicos e funcionários da Ferrari, cujas cores Massa defendeu por oito anos, fizeram questão de abraçar e cumprimentar o piloto. O brasileiro respondia a cada um em bom italiano: “Prego”, um obrigado na língua oficial da equipe vermelha.
Já no box de sua atual equipe, a Williams, Felipe encontrou com o resto de seus familiares, o pai Titônio e os irmãos Eduardo e Fernanda. Na saída, falou aos jornalistas sobre as emoções que passavam em sua cabeça. “Eu não esperava. Difícil de dizer, de explicar. Peço desculpas, queria acabar a corrida. Mas tenho que agradecer à torcida pelo respeito. Eu estava tentando, mas vai ser um dia inesquecível para a minha vida. Eu penso em tudo, em agradecer esse momento, sem dúvida é um dia, um momento do final. Lógico, de uma carreira muito orgulhosa que conquistei. A última corrida no Brasil na F1. Espero correr em outra categoria no Brasil, é algo especial. Saio de cabeça erguida e com o coração apertado.”
Felipe correu com um enorme OBRIGADO, assim mesmo em maiúsculas, estampado no aerofólio traseiro de sua Williams, no lugar da patrocinadora Martini. A torcida devolveu ao longo de todo o fim de semana na mesma moeda. Ao caminhar em direção à ambulância (Felipe foi conduzido ao carro médico por protocolo da organização), ele pôde ouvir diversos “Valeu, Felipe!” verbalizados pelos fãs nos camarotes. O brasileiro agora tem apenas mais uma oportunidade de guiar um Fórmula 1, daqui a duas semanas em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.