Heróis de Plantão: Denilson Moreira conta a realidade dos socorristas do SAMU
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Sexta-feira | 13 de Setembro de 2024    10h44

Heróis de Plantão: Denilson Moreira conta a realidade dos socorristas do SAMU

NOSSO ENTREVISTADO DA SEMANA É o responsável por uma dos órgãos mais importantes da cidade, o SAMU, Denilson Moreira irá nos contar um pouco sobre a rotina pesada dele e de seus colegas nos atendimentos da cidade, como eles se sentem sabendo que seus atendimentos podem ou não salvar uma vida, qual peso que eles sentem em relação às responsabilidades e dificuldades que encontram diariamente.

Fonte: (Glenda Melo/Diário do Estado)
Foto: Arquivo pessoal

Jornal Diário do Estado: Denilson, como é a rotina no SAMU?
Denilson Moreira:
Glenda, é corrida, existem os dias tranquilos, mas existem dias que a gente não para.
 
Jornal Diário do Estado: Existem dias mais específicos em que os atendimentos aumentam?
Denilson Moreira:
Os finais de semana são complicados, muita gente exagera na bebida, passam mal, nos acionam, temos que atender e levar para o hospital, também por conta do excesso de bebida acontecem as brigas, agressões e quando isso acontece somos acionados.
 
Jornal Diário do Estado: Qual o tempo de resposta entre a ligação e vocês chegarem ao local?
Denilson Moreira:
As ligações para o 192  feitas de todo estado caem em uma central em Campo Grande, grande parte da população acredita que a ligação cai aqui, mas não é assim que funciona, essa ligação cai na central de lá, eles nos acionam nos repassam a ocorrência com endereço e tudo mais, depois que captamos todas as informações nos encaminhamos para o local, temos 1:30 para chegar ao local.
 
Jornal Diário do Estado: Por que as ligações vão para lá e não caem direto para vocês?
Denilson Moreira:
Nossa central em Coxim não possui médico, de lá sim, então quando a pessoa liga o médico já vai orientando ela ou quem está ligando para os procedimentos que devem ser feitos nessa pessoa, a equipe daqui é formada por enfermeiros e técnicos de enfermagem, sabemos fazer os procedimentos necessários mas é importante a avaliação de um médico para que seja identificado o que está acontecendo com essa pessoa para quando chegarmos até o local saber como agir.
 
Jornal Diário do Estado: Quantas ocorrências vocês recebem por dia?
Denilson Moreira:
Em um dia tranquilo de 5 a 6 ocorrências.
 
Jornal Diário do Estado: Qual o público que vocês mais atendem? e por que?
Denilson Moreira:
Os idosos sem sombra de dúvidas, porque eles são um público mais frágil, precisam de mais cuidados, já possuem dificuldade de mobilidade, caem e se machucam com mais facilidade.
 
Jornal Diário do Estado: E para quais ocorrências com eles vocês são chamados?
Denilson Moreira:
Tombos, os idosos de um modo geral caem bastante.

Jornal Diário do Estado: Se tornou frequente noticiarmos acontecimentos sobre engasgamentos, vocês recebem muitas chamadas aqui em Coxim por isso?
Denilson Moreira:
Olha Glenda até existem , mas são poucas e quando acontecem são com crianças de 0 até 2 anos, em jovens e idosos é mais difícil acontecer.
 
 Jornal Diário do Estado: Afogamentos acontecem bastante?
Denilson Moreira:
Sim, até por Coxim ser uma cidade bastante quente , as pessoas estão sempre em busca de se refrescarem, procuram rios, piscinas, em Coxim existem muitos ranchos também né, tudo isso favorece ocorrências sobre afogamentos.

Jornal Diário do Estado: Aconteceu alguma ocorrência por afogamento que tenha te marcado?
Denilson Moreira:
Sim, recentemente, alguns meses atrás aqui perto de Coxim, em um rancho não muito distante uma família se reuniu ali, tinham adultos e crianças, era uma festa familiar, uma criança não foi mais vista, quando a localizaram ela estava no fundo da piscina, fomos acionados e fomos até o local, mas a criança já havia falecido, fizemos todas as manobras, tentamos por muitas vezes trazer a criança de volta, mas não conseguimos, foi uma fatalidade, essa sem dúvida é uma ocorrência que me marcou bastante, porque ninguém sai da sua casa achando que isso vai acontecer, eles estavam ali felizes, em família, foi muito triste ver os pais dessa criança, os familiares e amigos todos em choque, foi bastante triste.
 
Jornal Diário do Estado: Ocorrências com crianças para vocês é sempre a pior?
Denilson Moreira:
Sim, porque são pequenos, não tem maldade, são inocentes, não sabem do perigo que correm  e nós que somos pais isso mexe demais com a gente, porque a gente pensa que poderia ser com um dos nossos filhos.
 
Jornal Diário do Estado:  Como é a relação SAMU e população?
Denilson Moreira:
É, não é fácil e nós até entendemos, quando você está passando mal ou vê algum amigo seu ou ente querido precisando de ajuda minutos se tornam horas e a espera é angustiante , mas sempre procuramos chegar o mais rápido possível até porque temos um protocolo para seguir de saída da central e chegada ao local do chamado, às vezes as pessoas não entendem e nos tratam com certa rispidez, mas compreendemos que isso acontece pelo calor da emoção e do nervoso do momento.
 
Jornal Diário do Estado: Casos mais atendidos recentemente Denilson?
Denilson Moreira:
Parada  cardio - respiratória, recentemente atendemos 6,  desta 6 pessoas 5 vieram a óbito e 1 sobreviveu.
 
Jornal Diário do Estado: E quando vocês chegam ao local e constatam que a pessoa faleceu, qual é o procedimento?
Denilson Moreira:
Glenda, nós do SAMU não podemos atestar o óbito, só médicos podem fazer isso, quando nós constatamos o óbito após verificar todos os sinais vitais nós pegamos essa pessoa e levamos até o hospital Regional de Coxim e somente lá será atestada a morte.
 
Jornal Diário do Estado: Existem códigos para os atendimentos?
Denilson Moreira:
Sim, o código terceiro significa grave, os graves são os traumas graves, infartos, avc, acidentes graves, o código segundo significa  casos clínicos como crises renais, vesícula entre outros, e por último o código primo que são aqueles sem gravidade, como exemplo coma alcoólico e etc. 
 
Jornal Diário do Estado: Vocês são vítimas de trotes?
Denilson Moreira:
Não porque como te disse as ligações de todo estado caem na central de Campo Grande.
 
Jornal Diário do Estado: A equipe de vocês aqui em Coxim é formada por quantas pessoas?
Denilson Moreira:
11 pessoas, 5 consultores, 01 enfermeiro, 05 técnicos de enfermagem, não temos médico.
 
Jornal Diário do Estado: Quantos veículos o SAMU de Coxim possui para atendimentos?
Denilson Moreira:
Duas viaturas suporte básico, uma sprinter mercedes que atendemos na cidade e uma Ford ranger 4x4 que atendemos na zona rural, 1 veículo está parado pois o motor fundiu e estamos aguardando o conserto.
 
Jornal Diário do Estado: Casos de suicídio são comuns vocês atenderem?
Denilson Moreira:
Sim, tentativas sem sucesso, e quando chegamos ao local encaminhamos essas pessoas para o hospital para o socorro, mas as tentativas acontecem sim.
 
Jornal Diário do Estado: Para você Denilson o que significa estar a frente de um serviço tão importante?
Denilson Moreira:
Glenda, ninguém faz nada sozinho, não me considero chefe, isso é o cargo que me confere, eu sou Técnico em enfermagem que hoje está como gerente do SAMU de Coxim, nós, nosso grupo é formado por pessoas que amam o que fazem e que muitas vezes não são valorizados, as pessoas só lembram da gente quando precisam da gente, nós temos uma equipe unida e coesa, nosso objetivo é servir a população, amamos a profissão que escolhemos e somos chamados para cuidar de pessoas, de vidas, e é isso que tentamos fazer da melhor maneira possível, claro não iremos agradar a todos, mas tentamos dar nosso melhor diariamente.
 
Jornal Diário do Estado: Denilson, gostaríamos que você nos deixasse suas considerações finais.
Denilson Moreira:
Gostaria de agradecer toda equipe do Diário do Estado pelo convite, para contar um pouco da nossa rotina e dificuldades, isso ajuda muito para que as pessoas saibam mais sobre nosso trabalho e as dificuldades que enfrentamos todos os dias, toda equipe do SAMU estará sempre à disposição da população Coxinense, grande abraço.
 

Samu de Coxim divulga números de atendimentos na cidade no mês de agosto
 
O Samu de Coxim divulgou os números exatos de todos os atendimentos no mês de agosto na cidade. Para o coordenador do órgão na cidade, Denilson Moreira Lopes, os números refletem  o crescimento da cidade e por consequência do crescimento, o  aumento na demanda de atendimentos.
Os atendimentos foram os seguintes:

Ocorrência clínica: 96
Ocorrências Obstetras: 01
Ocorrências Vítimas de Acidentes de Trânsito: 03
Ocorrências Pediatra: 04
Ocorrências Psiquiátricas: 00
Recusa de Atendimentos: 03
Removido por Terceiros: 00
QTA(Cancelada): 05
Ocorrências Por Arma de Fogo: 00
Ocorrências Por Arma Branca: 00
Ocorrências por Animais Peçonhentos: 00
Ocorrência por Agressão Física: 00
Intoxicações por Medicamentos: 00
Intoxicações por Produtos Químicos: 00
Trauma por Queda da Propria Altura: 07
Trauma por Queda de Local Elevado: 00
Trauma Por Queda de Bicicleta: 02
Clínica Óbito: 04
Ocorrência com a Samu Rural: 04
Atendimentos Matutino: 37
Atendimentos Vespertinos: 38
Atendimentos Noturnos: 50
Atendimentos Via Pública: 06
Atendimentos em Escola: 02
Atendimento em Posto Saúde: 00
Ocorrências Funcional Através 193: 00
Ocorrências Através de 192: 125
Total Geral de Ocorrências: 125

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