Depressão: Quanto vale uma vida?
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Sexta-feira | 06 de Setembro de 2024    09h11

Depressão: Quanto vale uma vida?

O preconceito também leva a piora da doença e a morte.

Fonte: (Glenda Melo/ Diário do Estado)
Foto: Arquivo pessoal

Você está fazendo drama, isso é falta de Deus na sua vida, isso é falta do que fazer, para de frescura, você quer chamar a atenção né? você não tem motivos para estar assim, sua vida é tão boa.

Achei pertinente começar essa matéria com essas frases, frases frias, cruéis, sem empatia e egoístas, porque essas são as frases que fazem diferença entre a vida e morte de uma pessoa que está passando pela depressão, acreditem ou não essas são as frases que as pessoas mais escutam quando elas deveriam ser acolhidas.


O mês de setembro foi escolhido para esta causa, pois, desde 2003, o dia 10 de setembro passou a ser referência ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O Setembro Amarelo é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria.
A depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz alterações no humor caracterizada por tristeza profunda e forte sentimento de desesperança.
Nos quadros de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente.
Quando alguém que você conhece e ama está passando por esse momento delicado, você quer estar presente para essa pessoa. Ainda assim, tenha em mente que seu amigo ou ente querido tem uma condição clínica séria.


Dar apoio é muito mais que oferecer o ombro para chorar. Muitas coisas podem ser feitas para que a pessoa em quadros depressivos sintam-se melhor. Porém, o mais importante, é termos a consciência de que o cuidado psicológico e muitas vezes psiquiátrico é fundamental para que esses indivíduos se recuperem.
Convidamos para falar um pouco sobre o Setembro Amarelo, Carlos Eduardo Vilela Gaudioso, professor na UFMS/CPCX, Psicólogo CRP/14: 01966-1, Mestre em Psicologia da Saúde (UCDB), Doutor em Ciências Médicas – Saúde Mental (UNICAMP), autor do projeto Sofrimento, crise e luto - núcleos permanentes de prevenção e enfrentamento do suicídio e pósvenção, autor e mentor do projeto Comunidades Compassivas em Coxim.

Nossa conversa com Carlos Gaudioso começa quanto aos números em Coxim, que segundo ele são alarmantes e não são divulgados, causando assim uma falsa impressão que esteja tudo bem.
Para ele existem falhas e também falta de engajamento do poder público, e da população, como professor da UFMS campus Coxim ele ainda reforça a necessidade para que a Universidade enxergue os acadêmicos que também adoecem por conta da pressão dos estudos, conclusão dos cursos, segundo ele muitos acadêmicos chegam até ele pedindo ajuda e relatando que não estão bem.
O preconceito sobre a doença também para ele é uma das maiores dificuldades, ainda existe a desinformação, a ignorância, as piadas, e tudo isso faz com que as pessoas que precisam de ajuda fiquem com receio de buscar ajuda. O preconceito também leva a piora da doença e a morte. Hoje no mundo todo fazer acompanhamento psiquiátrico e psicológico se tornou determinante na sobrevivência de pessoas com depressão, e nos outros países fazer terapia é uma coisa tão comum quanto ir ao dentista, então por que aqui no Brasil ainda existe essa cultura que as pessoas que estão no CAPS são loucas? pessoas que passam por um psiquiatra são doidos, e pessoas que fazem terapia com psicólogos não merecem respeito? Toda essa cultura que existe em massa no Brasil precisa acabar, pois pensamentos como esses são um atraso.


A organização mundial da saúde aponta que a maioria dos casos de depressão estão entre as mulheres de 14 aos 32 anos, Carlos sustenta essa informação que a maioria dos casos são de mulheres, para ele as causas são multifatoriais, afazeres com a casa, filhos, marido, trabalho e estudo, um acúmulo de funções que levam a exaustão emocional, um exemplo que podemos dar é do copo transbordando, o indivíduo acumula suas dificuldades, dores, traumas, luto, até o dia que o corpo diz: Ei, você não está me escutando então vou fazer você me ouvir agora, e a explosão acontece! Gaudioso ainda reforça que cada um explode de um jeito e o copo transborda.
Ele ainda reforça que pessoas afetadas pela depressão não conseguem muitas vezes expressar o que estão sentindo, detalham em geral uma agonia profunda, dizem em sua maioria que não conseguem explicar o que sentem, mas, uma palavra recorrente entre todos eles é “Agonia”


Para ele a campanha Setembro Amarelo é muito importante, mas o trabalho deve ser feito todos os meses do ano, pois as pessoas adoecem todos os dias, precisam de ajuda todos os dias, todos os meses durante todo ano, como exemplo ele dá o CAPS de Coxim, ( Centro de Atenção psicossocial) que além de oferecer acompanhamento médico, psicológico e social, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Coxim também realiza oficinas terapêuticas em argila, pintura, costura e bordado, onde os pacientes podem expressar sua criatividade e melhorar sua autoestima.
Essas oficinas fazem parte do processo de reabilitação psicossocial e integração social dos usuários do CAPS.


Carlos ainda parabeniza a equipe toda do CAPS através da diretora do local Célia Regina, que segundo ele fazem milagres, pois com somente 1 psiquiatra e 1 psicólogo para atender a demanda de Coxim é preciso ter muito amor pelo próximo e pela profissão para conseguir ajudar tantas pessoas.
Isso é um problema de saúde pública e precisa ser tratado como tal. Cada vez mais e mais pessoas são diagnosticadas com depressão, ansiedade, transtorno de bipolaridade, as pessoas ao nosso lado estão adoecendo e se tornando invisíveis, quando foi que deixamos de olhar para essas pessoas? Quando perdemos a sensibilidade em cuidar do outro, em ajudar? Quando foi que nos tornamos egoístas e perdemos a empatia até pelos que estão ao nosso lado? 


Para Carlos que lida diariamente com isso a primeira atitude que devemos ter é: “VAMOS CUIDAR DOS NOSSOS” para ele, precisamos olhar primeiro para os nossos familiares, amigos, vizinhos, e quando identificarmos a tristeza e desânimo devemos estender as mãos para que eles se sintam acolhidos, amados e saibam que não estão sozinhos. E falando em não estar sozinhos, Carlos nos coloca algumas frases importantes que podemos usar para ajudar as pessoas que estão precisando de apoio e são determinantes para salvar vidas, são elas:
“Sua vida é valiosa! Vamos juntos falar sobre saúde mental e espalhar esperança! Você não está sozinho”! 


Segundo Gaudioso, em meio às dificuldades, sempre há uma luz que pode te guiar. Cada amanhecer traz a oportunidade de um novo começo. Acredite em dias melhores, o silêncio pode ser doloroso. Compartilhar seus sentimentos pode ser o primeiro passo para a cura e cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. Estou aqui, se precisar! 
"Uma conversa pode salvar uma vida. Não tenha medo de pedir ou oferecer ajuda, a vida tem altos e baixos, mas sempre vale a pena seguir em frente, pois seu valor vai além das dificuldades que você enfrenta. Mantenha a fé em si mesmo." Aconselha Carlos  Gaudioso
Que possamos olhar mais para os nossos como nos disse o professor Carlos, que o poder público e a sociedade local se interessem pelos projetos que existem na cidade, que possamos ver a vida do outro com a mesma importância que vemos a nossa e dos que nos cercam, cada vida é preciosa, ela não tem preço, é mais fácil prevenir, identificar, tratar e cuidar que perder. É mais fácil estender a mão, não julgar, que carregar a culpa de não ter ajudado.


Caso você conheça alguém que esteja precisando de ajuda e acompanhamento também existe o CVV – Centro de Valorização da Vida é um serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato. Oferece atendimento pelo telefone 188 (24 horas e sem custo de ligação), por chat, e-mail e pessoalmente. Mais informações em: https://cvv.org.br
Em Coxim como foi dito existe o CAPS, o telefone é (67) 3291-4052 e o endereço é Rua Afonso da Costa Campos, bairro Senhor Divino, o CAPS funciona em horário comercial das 8:00 as 11:00 e das 13:00 as 17:00 horas de segunda a sexta-feira.
Para finalizar a matéria gostaria de deixar algumas reflexões para os nossos leitores: Para você, quanto vale uma vida? Você está preparado (a) para ajudar alguém que precise?

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