TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL ASCENDE O ALERTA PARA O RESULTADO DO DESMATAMENTO E A OMISSÃO DIANTE DAS MUDANÇAS CLÍMATICAS.
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Sexta-feira | 24 de Maio de 2024
TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL ASCENDE O ALERTA PARA O RESULTADO DO DESMATAMENTO E A OMISSÃO DIANTE DAS MUDANÇAS CLÍMATICAS.

TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL ASCENDE O ALERTA PARA O RESULTADO DO DESMATAMENTO E A OMISSÃO DIANTE DAS MUDANÇAS CLÍMATICAS.
A tragédia que aconteceu no Rio Grande do Sul não foi obra do acaso ou divina, foi obra do homem. O Estado está submerso em água, milhares de pessoas estão desabrigadas, milhares de animais morreram, e, o prejuízo econômico gira em torno de 100 bilhões de reais. Fica a indagação, valeu a pena desmatar?
Obviamente que não. Essa tragédia não pode ir para a conta de uma só pessoa, pois, é o nosso modelo econômico e social o problema. Em todas as cidades brasileiras impera o interesse privado em detrimento do público, a pressão para o Poder Público deixar o indivíduo violar a natureza e o bem comum para ficar rico é gigante. É por isso que as margens dos rios estão destruídas e os solos contaminados.
Eduardo Assad que há 40 anos se dedica à pesquisa das mudanças climáticas no Brasil, diz que a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desenvolve vários trabalhos de zoneamento agrícola, de riscos climáticos, e, de aquecimento global. Tudo isso para dar ao produtor um modelo de negócio sustentável que não coloque a vida dos outros em risco, e, também não perca o seu negócio.
Há 30 anos o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Embrapa e um exército de cientistas vem alertando para os riscos das mudanças climáticas, inclusive risco de inundações. Assad diz que um estudo de 2014, liderado pela Klabin apontava para um passivo ambiental de 52% nas APPs hídricas do Estado. Isso mostra que as matas de galeria estavam desprotegidas. Se estivessem protegidas, as enchentes seriam minimizadas.
Sem APPs (Áreas de Preservação Permanentes) e sem a manutenção das reservas florestais, a quantidade de água que corre e que deixa de infiltrar aumenta muito. E isso é muito impressionante. Nada foi feito para reconstruir as APPs no Estado, e sim para destruí-las. O governador do Rio Grande do Sul tomou algumas medidas no ano passado para reduzir as reservas florestais. Reduziu as reservas para aumentar a área da soja. Muitos deputados estavam trabalhando para aumentar a área plantada, reduzindo as APPs hídricas.
Ou seja, mais uma vez o interesse privado imperou em detrimento do bem público, o resultado chegou. Mas o que vamos fazer após isso, continuar negando as mudanças climáticas, continuar destruindo a natureza ignorando a sua finitude, e, continuar votando em negacionista? Se for isso, nos preparemos para quando a conta chegar aqui.
Em Coxim precisamos fazer, urgentemente, o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, que é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente regulamentado pelo Decreto n.º 4.297/2002, utilizado pelo poder público para o planejamento que gera indicadores sobre as potencialidades e fragilidades dos meios físico, biótico e socioeconômico, capazes de subsidiar a tomada de decisão.
Precisamos, ainda, regularizar nossa legislação ambiental, nossas leis de uso, ocupação, e, parcelamento do solo; garantir o cumprimento da área de permeabilização do solo nas calçadas; garantir o cumprimento das APPs e das margens dos rios; e, acabar, de vez, com a cultura do lixo, pois, não podemos permitir que os bueiros sejam entupidos por lixos, ação de inconsequentes.
A tragédia recente no Rio Grande do Sul é uma dolorosa lembrança do custo humano e ambiental do descaso com a preservação e o manejo sustentável dos recursos naturais. O desmatamento desenfreado e a falta de proteção das áreas de preservação permanente são reflexos de um modelo econômico que prioriza o lucro imediato em detrimento do bem-estar coletivo e da saúde do planeta. Urgem ações concretas, como o estabelecimento de zoneamentos ecológico-econômicos e a regulamentação eficaz das leis ambientais, para evitar futuras tragédias e proteger as gerações presentes e futuras.
O momento exige um compromisso sério e coletivo com a sustentabilidade e a preservação ambiental, pois ignorar os alertas da ciência e continuar negligenciando a proteção da natureza é simplesmente adiar o inevitável e amplificar o sofrimento humano e ambiental.
 

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