O DILEMA DO PORCO ESPINHO
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Quarta-feira | 22 de Dezembro de 2021
O DILEMA DO PORCO ESPINHO

O DILEMA DO PORCO ESPINHO 
O dilema do porco-espinho trata-se de uma metáfora criada por Arthur Schopenhauer (1788-1860) para ilustrar o problema da convivência humana. Leandro Karnal também escreveu um livro sobre a metáfora.
Conta-se que durante uma era glacial, quando o Globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem as condições do clima.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, tentando se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.
Entretanto, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital que era questão de vida ou morte. Foi aí então que se afastaram, feridos, magoados, sofridos. Ao não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes, haja vista a dor intensa, dispersaram-se.
Todavia, essa não foi a melhor solução: separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Aprendendo a amar, resistiram a longa era glacial. Sobreviveram.
Paulo Ferraz ilustrou muito bem a necessidade que nós temos do outro dos textos citados no começo. Sygmunt Bauman falando sobre a modernidade liquida diz que nós estamos perdendo a nossa humanidade, estamos desaprendendo a conviver em sociedade, pois a modernidade, a era digital, tirou de nós o convívio social, estamos tão centrados em nós mesmos que não nos importamos mais em ponderar para conviver com aquilo que é diferente de nós.
Aristóteles escreveu sobre as virtudes essenciais ao ser humano: Coragem diante do medo; Temperança em face do prazer e da dor; Liberalidade com riqueza e posses; Magnificência com grande riqueza e posses; Magnanimidade com grandes honras; Ambição adequada com honras normais; Veracidade com auto-expressão; Felicidade na conversa; Amizade na conduta social; Modéstia em face de vergonha ou falta de vergonha; Indignação justa em face de lesão sabedoria. Outros propuseram quatro virtudes cardeais: ambição; humildade; amor; coragem; e honestidade.
Jesus nos aconselhou a amar o próximo como a nós mesmos, a não julgar, a perdoar, a respeitar, a ser generoso, e a nos indignar contra a fome.
Certamente poderia escrever aqui várias páginas demonstrando o quão distantes estamos das virtudes elencadas acima, ou, sobre o quão perto estamos dos porcos-espinhos que optaram pela morte ao invés de aprender a conviver com seus pares, mas é natal, é tempo de esperança, o futuro depende de nós, que sejamos melhores dentro de casa para sermos melhores fora dela, que não façamos com os outros aquilo que não queremos que façam conosco, só com essas premissas teremos um conjunto de pessoas melhores. FELIZ NATAL! 

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