BALANÇO Não perdemos para Cuiabá de Julio Campos e cia, mas pela incompetência de nossos políticos. Focados na luta pelo poder, não investiram na boa relação com o Planalto para termos condições especiais ao nosso desenvolvimento ( como fizeram os cuiabanos). Nossos primeiros senadores e deputados federais disputavam espaços no Governo local, cada qual cuidando do próprio umbigo. E agora? Bem, são outros quinhentos! Somos o que temos! O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não tem a varinha mágica. Faz o possível.
AVISOS: Pesquisa eleitoral é igual biquíni: mostra o principal mas esconde o essencial. Eleição não se ganha eleição por antecipação com base nos números das pesquisas – manipuladas, estranhas ou ainda subjetivas, que nem sempre revelam os contrastes e as complexidades do cenário. Na política – como aprendemos desde menino – não há favas contadas.
EXEMPLOS de surpresas. Além dos casos locais conhecidos, dois são marcantes: de Fortaleza em 1988 onde Maria Luíza Fonttenele com 17% nas pesquisas 10 dias antes do pleito bateu o cacique Paes de Andrade (PMDB) com 54% das intenções de voto. No mesmo ano Luiza Erundina (PT) venceu Paulo Maluf (PDS) para a prefeitura de São Paulo com 270 mil votos de diferença em turno único. Foi favorecida pelo excesso de candidaturas ( 13) e a desistência de Airton Soares ( 7 dias antes do pleito) com seu nome constando da cédula de votação.
CUIDADO É preciso consultar o eleitor quando o assunto é composição com grupo adversário pensando em facilitar a vitória e acomodar interesses. Os exemplos mostram que o tiro costuma sair pela culatra nestes ‘casamentos’ espúrios aos olhos da oão pública. Além do mais, está em curso a formação de uma terceira via liderada pelo PDT para disputar as eleições de 2018.
MUDANÇAS se os tempos são outros – onde homem casa com homem e mulher casa com mulher – não se pode esperar que o eleitor continue pensando e agindo como no século passado, como se fosse aquela múmia egípcia enfaixada que nada via e ouvia. As pessoas tem pressa, querem mudanças e não se conformam com o velho discurso saudosista do ‘rouba mas faz’.
OS INVISÍVEIS Em todas as pesquisas vem aparecendo um contingente assustador de eleitores que simplesmente preferem não se manifestar ou ainda tendem a votar em branco ou nulo. É possível que boa parte de meus leitores pertença a esse time, que critica, ironiza ao longo da campanha e só resolve decidir na última hora, contrariando os especialistas e as próprias pesquisas.
CLASSE MÉDIA É dela que sai a maioria dos integrantes do ‘eleitorado invisível’. É o cara que tem formação superior, sem entusiasmo com os políticos, discute futebol e política só no churrasco, chama os políticos de ‘cachorrada’ - mas de vez em quando dá uma ‘zapeada’ nas notícias para saber os últimos escândalos. Esse eleitor reclama do custo da mensalidade escolar, supermercado, plano de saúde, juros do cartão de crédito e por aí afora.
‘PANELINHA’ Como explicar ao eleitor esse fundo de quase dois bilhões de reais para o pleito de 2018 quando falta tudo na saúde? O eleitor da classe média com quem converso muito tem uma concepção muito ruim dos políticos . Acha que eles são mais iguais do que diferentes e que independentemente de partido – se servem da mesma ‘panelinha’, de mordomias, vantagens diversas resultantes do poder.
INFELIZMENTE o político não se preocupa em saber quais assuntos interessam de fato ao eleitor. Há uma falta de sintonia, diferente do que acontece nos Estados Unidos, onde 97 a 98% dos congressistas são reeleitos. Lá, antes de apresentar qualquer projeto, eles consultam todas as pesquisas existentes sobre o assunto para saber o que pensa o eleitor.
IGNORAR o que pensa o eleitor, não é exclusividade dos legisladores em todas as instâncias. Também os detentores de mandatos executivos agem assim, por vantagens diversas e falta de oposição competente. O presidente Michel Temer (PMDB) dará aposentadoria integral e imoral aos ex-congressistas afrontando a população. Sorte dos vampiros de todos os partidos.
EXEMPLOS locais: aciativa do ex-governador André Puccinelli (PMDB) em privatizar o serviço de água e esgoto da capital e eleger como prioridade na capital a construção do aquário, caríssimo e de utilidade duvidosa. Acertou com a Assembleia Legislativa e deu banana pra todos nós. Assim, desde a época dos megalomaníacos Imperadores de Roma – onde um cavalo foi nomeado senador – pouca coisa mudou.
OUTRO CASO A generosa prorrogação por mais 30 anos e 10 meses ( até 2060) do contrato de concessão do serviço de águas e esgoto da prefeitura da capital – pelo então prefeito Nelson Trad Filho (PTB) para a empresa Águas Guariroba. Na época, a Câmara Municipal silenciou-se, mas o vereador Marcos Alex (PT) fez denúncia ao Tribunal de Contas que agora decidiu pela anulação das clausulas irregulares. Todos os cidadãos – pobres e ricos – precisam saber destas ‘pérolas’ adstrativas.
MAIS OUTRO... Como esquecer o caso do Porto de Murtinho que ‘milagrosamente’ acabou caindo no colo dos familiares do ex-governador Zeca do PT? Sem alongar no campo jurídico pastoso, há de se destacar a decisão judicial que após tantos anos decidiu pela ilegalidade da negociação. Parafraseando o velho ditado: “Não basta o dirigente público ser honesto, tem que parecer honesto”. Pergunto: o que o meu fiel leitor pensa disso?
‘VAMPIROS’ A stra Carmem Lúcia (STF) menosprezou a inteligência do povo brasileiro ao dizer: “Se o brasileiro soubesse do que eu sei não dormiria”. Ora! Ora! O cidadão brasileiro tem uma leitura razoável das patifarias e negociatas – onde vale absolutamente tudo – que ocorrem no andar superior do país. O brasileiro só é covarde, mas sabe da zorra brasiliense.
DESMORALIZAÇÃO Silêncio total sobre a reportagem da ‘Veja’ mostrando a venda de sentenças no STF. A ‘grande’ OAB ignorou. Para piorar a imagem da justiça assistimos nesta quinta feira ao triste espetáculo de conciliação do STF com o Senado para resguardar os interesses comuns. Enfim, o STF fez jogo de cena sem perder a compostura e o Senado preservou o lobo Aécio da sua alcateia. Portanto, a festa continua na ‘Ilha da Fantasia’.
FOLCLÓRE Conselho do velho coronel nordestino ao filho sucessor: “Se queres ser bem sucedido na política, cultive duas verdades: a sinceridade e a sagacidade.” O rapaz questionou: “ O que é sinceridade, meu pai?” – Respondeu o patriarca: “É manter empenhada a palavra, custe o que custar”. Repicou o filho: “ E o que é sagacidade?” Finalizou o velho: “É nunca empenhar a palavra, custe o que custar”.
‘UM SANTO’ O deputado Bonifácio Andrade (PSDB-MG) é da 5ª. geração da família do‘Patriarca da Independência’ e que há 195anos mama no poder. São 15 mandatos: vereador em Barbacena (MG) , deputado estadual e deputado federal (10 mandatos seguidos). A tinhosa cabeça mineira fez dele um São Jorge às avessas como relator do caso do senador Aécio Neves (PSDB). Em vez de salvar a mocinha, acabou casando com o dragão.
A PERGUNTA que não se cala: acabou a ‘temporada 2017’ das prisões de políticos e gente do poder por aqui? A última ‘leva’ foi no caso do Detran, com direito inclusive ao constrangimento da nudez no exame de corpo de delito. A expectativa agora fica por conta do processo “Maquinas de Lama’ na Justiça Federal por conta de desvio de R$150 milhões em obras na adstração estadual, com o ex-governdor André Puccinelli (PMDB) obrigado ao uso da tornozeleira eletrônica inclusive.
A PROPÓSITO “Você está preso”. “Sua mãe morreu”. Para um ex-policial já aposentado, essas duas notícias contém os maiores efeitos devastadores aos protagonistas. A primeira delas provoca desmaio, dor de barriga, queda de pressão e até vômito. A segunda é emocional, arranca lágrimas e desespero dependendo das circunstâncias da morte anunciada. O leitor, inteligente, tem a própria leitura destas situações que marcam muito. Ambas terríveis.
‘VICIADOS’ Incrível a dificuldade de readaptação de ex-políticos ao mundo dos mortais comuns. Não vivem sem o ‘osso’. Acostumados com as benesses , alguns deles ainda sonham com a volta, não importa como. Seria o caso de gente que anda frequentando o escritório político do ex-governador André Puccinelli (PMDB), ignorando o calendário e o relógio implacáveis.