Fenômeno que matou peixes em rios do Pantanal não está relacionado às queimadas que atingiu bioma
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Segunda-feira | 29 de Março de 2021    17h50

Fenômeno que matou peixes em rios do Pantanal não está relacionado às queimadas que atingiu bioma

Estudo desenvolvido por técnicos do Imasul apontou que principal o acúmulo de material orgânico foi responsável pelo intenso fenômeno que matou centenas de peixes por falta de oxigênio.

Fonte: G1MS
Foto: Imasul/Divulgação
Segundo Imasul, 83 espécies foram registradas em região pesquisada que sofreu com fenômeno.

Um estudo desenvolvido por técnicos Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) divulgado nesta segunda-feira (29), concluiu que a forte decoada (entenda mais abaixo) no início de fevereiro deste ano em alguns rios do Pantanal - e que matou centenas de peixes - não tem relação com as queimadas que destruíram mais de 4 milhões de hectares do bioma no ano passado.

Segundo o biólogo Heriberto Gimenes Junior, coordenador do Laboratório de Ictiofauna e integrante da equipe que pesquisou o fenômeno, o que a causa da morte de peixes, foi o acúmulo de matéria orgânica no fundo dos rios que, quando entram em decomposição, reduzem a quantidade de oxigênio dissolvido e aumentam a de dióxido de carbono. Por meio do estudo, foram registradas 82 espécies na região pesquisada. Os bagres, cascudos e tuviras foram as que mais sentiram os efeitos da redução do oxigênio dissolvido. Outra constatação importante, foi que algumas espécies sofreram mutações para se adaptar ao meio e conseguir sobreviver mesmo com oxigênio reduzido. 

O especialista em ictiologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fernando Carvalho, explica que este fenômeno acontece agora no período de subida das águas dos rios do Pantanal.

Ainda de acordo com Carvalho, a decoada é um fenômeno natural que ocorre quando as águas dos rios do Pantanal extravasam para as áreas da planície que secaram durante a estação seca e agora, na estação chuvosa, estão com muita vegetação e matéria orgânica.

Peixes morrem no Pantanal sul-mato-grossense

Conforme o biólogo Heriberto Gimenes, para o estudo, foram coletadas amostras da água e de espécies que passaram por análises nos laboratórios. Por meio de três campanhas a campo, entre 12 e 25 de fevereiro, em trechos do rio Miranda, na região do Passo do Lontra, que ao todo 10 pontos georreferenciados foram amostrados, incluindo as confluências dos rios Vermelho e Miranda e Miranda e Paraguai.

 

“Em outros anos, como em 2017, que não teve queimadas tão intensas como as do ano passado, a intensidade da decoada foi mais grave, verificando-se morte de espécies de grande porte”, explicou.

 

O estudo envolveu 10 técnicos do Laboratório de Ictiofauna, do Centro de Controle Ambiental Eni Garcia de Freitas e da Gerência de Recursos Pesqueiros e Fauna do Imasul.

 

Espécies mais afetadas

 

Conforme Heriberto, pela primeira vez, por meio deste estudo, foi possível identificar quais as espécies que mais foram afetadas pelo fenômeno da decoada. Foram 83 espécies registradas na região pesquisada.

"Os bagres, cascudos e tuviras foram as que mais sentiam os efeitos da redução do oxigênio dissolvido, pois são espécies que vivem no fundo dos rios, em que o nível de oxigênio já é mais baixo em situação normal, e quando ocorre a decoada são as primeiras a sentir”, explicou.

Algumas espécies sofreram mutações para se adaptar ao meio e conseguir sobreviver mesmo com oxigênio reduzido. — Foto: Imasul/Divulgação

Outro ponto importante do estudo que foi constatado, é que algumas espécies sofreram mutações para se adaptar ao meio e conseguir sobreviver mesmo com oxigênio reduzido. Isso ocorre em peixes de escama, como pacus, sardinhas, lambaris. Eles apresentam uma extensão labial que são reversíveis, mas que em tempo de decoada potencializa a captação de água de modo a melhorar o fluxo e compensar os baixos índices de oxigênio.

Conforme o biólogo, o fenômeno pode ocorrer em diferentes intensidades e em diferentes meses do ano, pois os efeitos dependem diretamente da intensidade dos ciclos de seca e cheia do Pantanal, e não ocorrem simultaneamente em todos os rios, finalizou.

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